Colunistas - Rodolfo Bonventti

Coluna Era Uma vez na TV - Os Ossos do Barão

15 de Abril de 2015

Um original do dramaturgo Jorge Andrade (1922-1984), baseado em duas peças de sua autoria, “A Escada” e “Os Ossos do Barão”, deu origem a uma das novelas mais bem produzidas da TV Globo na década de 70 e que teve como título final o mesmo de uma das peças: “Os Ossos do Barão”, exibida com sucesso pela emissora carioca de outubro de 1973 a março de 1974.

A trilha sonora da novela foi um sucesso na época
 

A novela trazia de volta, no horário das 22 horas, o talento de Paulo Gracindo e Lima Duarte, que haviam obtido grande repercussão nacional com seus trabalhos em “O Bem Amado”, vivendo respectivamente Odorico Paraguaçu e Zeca Diabo. Novamente o embate central estava entre os personagens defendidos pelos dois grandes atores, e desta feita, o confronto era entre duas gerações, a velha e tradicional, porém falida nobreza paulistana e os imigrantes italianos que conquistavam dinheiro e sucesso na nova sociedade que se formava nos anos 40 e 50.

Paulo Gracindo e Carmen Silva, destaques como Antenor e Melica
 

Paulo Gracindo, em mais uma brilhante caracterização, era o velho Antenor, filho do Barão de Jaraguá, comandante de uma família em decadência financeira, mas que vivia dos louros e da importância que teve no passado, enquanto Lima Duarte, também em mais um grande trabalho, era o imigrante italiano Egisto Ghirotto, que despontava como rico industrial e colecionava tudo o que pertenceu ao Barão de Jaraguá, inclusive os seus ossos. Só que o sonho de Egisto, a conquista de um título de nobreza como o Barão possuíra, ainda não se realizara.

Lima Duarte criou o imigrante italiano Egisto Ghirotto
 

Com uma direção precisa de Régis Cardoso e a supervisão de Daniel Filho, a novela foi um grande acerto. Ao redor do romance entre os netos das duas famílias, vividos por José Wilker e Dina Sfat, se concentrava a maior parte do enredo e a possibilidade do confronto entre dois mundos tão diferentes.

Renata Sorrah e Dina Sfat nos principais papéis femininos da novela
 

Uma curiosidade envolvendo a escalação do elenco: o primeiro nome cogitado para viver Egisto Ghirotto foi o de Juca de Oliveira, recém chegado na TV Globo, mas Daniel Filho e Régis Cardoso bateram o martelo por Lima Duarte, enquanto para Juca restou ganhar o papel somente em 1997, mais de vinte anos depois, quando o SBT produziu um remake da novela.

Cena com Paulo Gracindo, Elza Gomes e Leonardo Villar
 

Essa foi uma novela de grandes trabalhos com Paulo Gracindo (Antenor), Lima Duarte (Egisto), Dina Sfat (Isabel), Carmen Silva (Melica, a esposa de Antenor), Leonardo Villar (que também estaria no remake do SBT como o velho Antenor e aqui vivia Miguel) e Lélia Abramo (Bianca, a esposa de Egisto) se destacando no grande elenco.

Todo o elenco da novela no lançamento dela em 1973
 

Perto do capítulo de número 100, o autor Jorge Andrade teve problemas cardíacos e precisou se afastar totalmente do trabalho, cabendo a Bráulio Pedroso substituí-lo por um certo período. Isso fez com que a novela tivesse um pouco menos de capítulos do que o pensado inicialmente.

Ainda no vasto elenco se destacavam Maria Luiza Castelli, Edney Giovenazzi, Sandra Bréa, Gracindo Junior, Renata Sorrah, José Augusto Branco, Bibi Vogel (vinda do elenco da TV Tupi), Neuza Amaral, Elza Gomes, Antonio Pitanga, Jorge Botelho, Ruth de Souza, Chica Xavier, Otávio Augusto, Lisa Negri (outra que vinha da TV Tupi), Rachel Martins, Paulo Gonçalves, Grande Otelo, Léa Garcia, Antonio Petrin, Clementino Kelé, Henriqueta Brieba e Fábio Mássimo.

 

Na próxima semana: novos personagens no novo programa de Chico Anysio.

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