Colunistas - Rodolfo Bonventti

Eterna Memória: Ziembinski

1 de Setembro de 2014
 Ziembinski no final da década de 40, dirigindo no teatro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

nasceu com um nome impronunciável no Brasil: Zbigniew Marian Ziembinski e ao fazer carreira no país adotou apenas o sobrenome, que mesmo assim era pronunciado errado por muita gente e acabou virando Zimba para os que trabalharam com ele. Nascido na Polônia, ele se formou em arte dramática na Universidade de Cracóvia e, aos   23 anos, já tinha em sua carreira a participação e a direção em cinco espetáculos.

Ziembinski chegou no Brasil em 1941, sem falar uma palavra de português e apenas de passagem. A vontade dele era seguir viagem para os Estados Unidos, mas apaixonou-se pela cidade do Rio de Janeiro e foi ficando por aqui.

Zimba dirigindo Rubens Correa e Eva Wilma em O Santo Inquérito

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No Brasil, Zimba se transformou em um dos principais nomes do teatro moderno nacional e foi o responsável por “abalar” as estruturas do tradicional teatro brasileiro ao montar “Vestido de Noiva” de Nelson Rodrigues, em uma montagem ousada que tinha vários planos e uma forma de dialogar com o espectador muito diferente do que até então se via.

Ele também trouxe a noção da necessidade de extensos ensaios para os atores, que podiam durar meses, o que não era habitual até então nas companhias teatrais que costumavam ensaiar apenas alguns dias antes da estreia. Ele também tinha uma preferência por montagens inovadoras com temas que provocavam polêmica na sociedade, como “Anjo Negro”, também de Nelson; “Woyzeck”; “Boca de Ouro”; Dorotéia”; “Pega-Fogo” ou “Assim é se lhe Parece”, de Pirandello.

 O ator vivendo a polêmica Tia Stanislava em "O Bofe" de 1972 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ziembinski também fez cinema, televisão e foi professor da Escola de Arte Dramática de São Paulo. No cinema participou de vários filmes da época de ouro da Companhia Vera Cruz na década de 1950 e na televisão esteve em nove novelas, desde “Eu Compro Esta Mulher”; “O Rei dos Ciganos” e “A Rainha Louca” da fase inicial da teledramaturgia da TV Globo, até as inovadoras “Bandeira 2”; “O Bofe” e “O Rebu”.

A popularidade chegou em 1972 quando rompeu os tabus da época e se tornou o primeiro ator na TV brasileira a interpretar um personagem feminino em uma novela ou minissérie. Na debochada novela de Bráulio Pedroso, “O Bofe”, ele assumiu a personagem da tia Stanislava.

Com Buza Ferraz em cena da novela "O Rebu" em 1974

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tornou-se, na segunda metade dos anos 70, também diretor do Núcleo de Casos Especiais da TV Globo e trabalhou e dirigiu os maiores nomes do cenário artístico da época. Foi ele quem interpretou Conrad Mahler na primeira versão da novela “O Rebu”, em 1974, e que foi sua última novela.

Zimba na primeira versão de "O Rebu" como Conrad

 

 

 

 

 

 

 

 

A morte inesperada aconteceu em 1978, aos 70 anos, quando o ator havia terminado de interpretar nos palcos o espetáculo “O Quarteto”, que comemorava seus 50 anos de teatro.


 



 

 

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