Grupo de Águas Belas (PE) ecoa a força da ancestralidade em língua yaathe, um dos poucos idiomas nativos preservados, apresenta show em São Paulo e Santos
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O espetáculo musical “Vozes Ancestrais - Yafeëkhet’de Sekletxase”, apresentado pelo Grupo Vocal de Mulheres da etnia Fulni-ô, de Águas Belas (PE), terá exibições em São Paulo (16/05 e 17/05) e Santos (18/05). É a primeira vez que o repertório de cantos sagrados é protagonizado por mulheres Fulni-ô, que mesclam performances e ecoam em yaathe, sua língua nativa e um dos poucos idiomas ancestrais preservados por um povo do Nordeste brasileiro. Os ingressos para as apresentações estão disponíveis no site.
A força do feminino
Marcada por uma profunda conexão com o modo de vida tradicional, a espiritualidade, a ancestralidade e a potência das mulheres, em especial as anciãs que vivem no território, a seleção de cantos mostra a preservação da cultura Fulni-ô, que tem como simbologias as cafurnas, os torés e os sambas de coco - apresentados nos espetáculos.
Os cantos cerimoniais das cafurnas entoadas na língua nativa serão acompanhados de danças tradicionais. Em um momento especial, o fortalecimento dos laços sociais e culturais ganha destaque no espetáculo. As cantoras, sentadas em rodas, tecem objetos enquanto uma anciã compartilha histórias, saberes, músicas e afetos. “O tecer é ensinado de geração para geração. São as peças fabricadas por mulheres Fulni-ô que sustentam famílias na aldeia. A simbologia por trás da confecção dos objetos nos conecta com a natureza, na colheita da palha, na conexão espiritual e simbólico, por meio dos grafismos feitos nos artesanatos e marca nossa identidade cultural, desde a colheita da palha, muitas vezes feita de madrugada, até a venda do artesanato”, conta Nudhya Fulni-ô, líder do grupo.
Os torés entram em cena acompanhados de danças, orações e rituais para a proteção e o fortalecimento espiritual. Os cantos são uma conexão profunda com o sagrado - é inexplicável e uma experiência do sentir. “Quando cantamos ecoamos a natureza. Cada canto que sai de nós carrega a memória dos nossos ancestrais e um chamado da Mãe Terra”, comenta a líder.
A mistura de dança, música e oralidade fica por conta do samba de coco. Acompanhados por instrumentos, os cantos da apresentação tratam do cotidiano, da natureza, do sagrado, do amor e da resistência. A tradição é uma celebração presente em momentos de alegria coletiva, como festas tradicionais ou encontros culturais.
“Cantamos com o coração para transmitir a força e a sabedoria do nosso povo. Cada melodia na nossa língua ancestral yaathe é sagrada e uma forma de sensibilizar quem nos escuta para respeitar a natureza. Enquanto houver canto, haverá resistência, cura e esperança," finaliza Nudhya.
Coletivo Eskya: Grupo Vocal de Mulheres Fulni-ô
"Coletivo Eskya: grupo vocal de mulheres fulni-ô" é um projeto realizado pelo Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas, pelo Fomento CULTSP, pela Política Nacional Aldir Blanc e pelo Programa de Ação Cultural - PROAC, selecionado no Edital 21/2024.
O espetáculo conta com a participação das cantoras Fulni-ô Nudhya, Wackta, Ewany, Khlekeynisô, Julia Maynã (etnia Xucuru-Kariri). Direção cênica da cantora uruguaia Maria Luana, a cantora brasileira Bruna Prado, e preparação e arranjo vocal de Sathlê Fulni-ô.
SERVIÇO
Data e horário: 16/05 - às 19h
Local: FUNARTE-SP (Alameda Nothmann, 1058, Saguão Wally Salomão da FUNARTE - Campos Elíseos, São Paulo, SP)
Ingressos a partir de 30 reais com venda no site
Data e horário: 17/05 - às 18h
Local: Estúdio Mawaca (Rua Inácio Borba, 483 - Chácara Santo Antônio, São Paulo, SP)
Ingressos a partir de 25 reais com venda no site
Data e horário: 18/05 - às 19h
Local: Fábrica de Cultura de Santos (Praça dos Andradas, s/n, Centro, Santos, SP)
Entrada gratuita com retirada de ingressos na bilheteria física do espaço