Cultura - Teatro

Ópera Cinderela, de Pauline Viardot, estreia no Theatro São Pedro

5 de Outubro de 2023

Espetáculo será apresentado em português e terá artistas negros, como a soprano Marly Montoni e os tenores Jean William e Mar Oliveira entre os personagens principais; récitas acontecem entre 05 e 15 de outubro, com Priscila Bomfim na direção musical da Orquestra do Theatro São Pedro e Julianna Santos na direção cênica. Em comemoração ao Dia das Crianças haverá récita em 12 de outubro, às 17h

Um dos contos de fadas mais conhecidos do planeta será apresentado em formato de ópera no Theatro São Pedro, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura. Com récitas nos dias 05, 06, 08, 11, 12, 13, 14 e 15 de outubro, Cinderela, de Pauline Viardot (1821-1910), traz a adaptação de uma história que atravessa culturas e segue como fonte de inspiração universal para todas as gerações.

Com pouco mais de uma hora e dividida em três atos, a ópera tem libreto da própria compositora e será realizada em português, com versão de André Dos Santos, orquestração de Juliana Ripke e um elenco de sete cantores. A montagem conta com a direção musical de Priscila Bomfim e concepção cênica de Julianna Santos, que destaca o caráter atemporal do clássico.

“É um tipo de literatura que pode ser infinitamente atualizado, e o mais interessante é essa mobilidade que os contos de fadas trazem. Por isso, eles ainda são tão próximos da gente, tão vivos. A Cinderela tem seus desejos e vontades, e a gente talvez se identifique com os desejos mais íntimos da personagem. É muito interessante quando ela e o príncipe se identificam com os mesmos desejos, o mesmo senso de ter liberdade para ser o que você quer, agir como você quer agir, escolher o que você quer escolher. E o mais bonito é ver essa beleza que existe, essa beleza na simplicidade”, avalia Santos.

Representatividade e processo criativo

Mar Oliveira (Príncipe), Marly Montoni (Cinderela) e Jean William (Conde) serão protagonistas na ópera. Foto: Divulgação

Além de apresentar um enredo que oferece encantamento, entretenimento e identificação emocional para as pessoas ao longo do tempo, a montagem promovida pela Santa Marcelina Cultura tem um compromisso com a representatividade, conectando fantasia e realidade em um espetáculo protagonizado por pessoas negras: na ópera, a soprano Marly Montoni será Marie/Cinderela e os tenores Jean William e Mar Oliveira viverão o Conde e o Príncipe, respectivamente.

“É muito especial ter esse protagonismo, isso faz toda a diferença e gera uma representatividade incrível para crianças e jovens pretos. É claro que a história ainda bebe na cultura ocidental de ser, mas já é um bom começo. E quem sabe um dia estaremos a contar, em ópera, histórias de príncipes e rainhas africanos?”, ressalta Oliveira.

No papel de Cinderela, Marly Montoni salienta a preferência por construir a personagem através do domínio da música, no processo de preparação para uma ópera. “Sempre busco encontrar alguma similaridade com minha personalidade para que a personagem possa ser mais real possível. Sobra a montagem, sinto que há o compromisso com a representatividade, já que os personagens principais são afro-brasileiros. Será muito gratificante ver as meninas afrodescendentes podendo sonhar em ser princesas”, observa Montoni.

Adaptação de Pauline Viardot

A versão de Cinderela que vai ao palco do Theatro São Pedro foi composta pela francesa Pauline Viardot e estreou em Paris em 1904, permanecendo relativamente fiel ao conto de fadas de Charles Perrault, que inspirou a obra. Nascida em uma família em que tudo girava em torno da música, Pauline começou a compor ainda menina e teve aulas de canto com os pais, harmonia e contraponto com Anton Reicha, porém seu principal interesse era o piano – inclusive foi aluna de Franz Liszt, que declarou, a respeito de Viardot, que “o mundo finalmente tinha encontrado uma mulher compositora de gênio”.

No entanto, após o falecimento da irmã - Maria Malibran (1808-1836), grande diva da ópera no século XIX -, Pauline optou por mudar de rumo e se profissionalizou como cantora. Seus maiores sucessos foram em papéis dramáticos, como Fidès em Le prophète, de Meyerbeer (que foi escrito para ela), e Rachel em La Juive, de Halévy. Além disso, Viardot interpretou o papel-título da ópera Orfeu e Eurídice, de Gluck, e cantou por diversas temporadas na ópera de São Petersburgo, na Rússia.

Paralelamente à sua carreira musical, Pauline se casou com Louis Viardot e estabeleceu um círculo social que incluía importantes figuras culturais da época, como Frédéric Chopin, George Sand, Hector Berlioz, Clara Schumann, Ivan Turgenev, Johannes Brahms, entre outras personalidades artísticas que lhe dedicaram obras musicais e literárias.

Além de dezenas de canções, obras de câmara para violino e piano e arranjos vocais para peças instrumentais de Chopin, Brahms, Haydn e Schubert, Viardot compôs cinco óperas de salão - sendo Cinderela a última dessas operetas. Com danças e canções alegres, a obra está repleta de valsas, mazurcas e polcas. E como uma ópera cômica, mistura canto e diálogos falados, sem fugir das típicas rimas fáceis e irônicas, quase sempre destacadas ritmicamente.

Apresentação no Dia das Crianças

Dedicada ao público infantojuvenil, a montagem de Cinderela traz uma história de conto de fadas clássica que é amada por crianças e adultos. Além de envolver elementos de magia, romance e transformação, especialmente cativantes ao público jovem, a ópera será apresentada em português, tornando o espetáculo ainda mais acessível para estimular a imaginação das crianças e promover a apreciação das artes cênicas e da ópera. Inclusive para celebrar o Dia das Crianças, uma das récitas será apresentada em 12 de outubro, em uma experiência cultural marcante e enriquecedora para toda as famílias.

Cinderela, no Theatro São Pedro, inclui Giorgia Massetani na cenografia; Fábio Retti na iluminação; Fábio Namatame no figurino e Tiça Camargo no visagismo. Integram o elenco Johnny França (Barão de Pictordu), Fernanda Nagashima (Amelinde), Daiane Scales (Maguelone) e Maria Sole Gallevi (Fada).

BILHETERIA

Os ingressos custam de R$ 30 (meia-entrada) a R$ 100 (inteira) e podem ser adquiridos pelo site: https://feverup.com/m/129011

TRANSMISSÃO AO VIVO 

A récita de 13 de outubro, sexta-feira, às 20h, será transmitida ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro, em: https://www.youtube.com/@TheatroSaoPedroTSP

TEMPORADA LÍRICA | ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDRO

CINDERELA

PAULINE VIARDOT (1821-1910)

[ópera em três atos, com libreto original da compositora, versão brasileira de André Dos Santos e orquestração de Juliana Ripke]

ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDRO

Priscila Bomfim, direção musical

Julianna Santos, direção cênica

Giorgia Massetani, cenografia

Fábio Retti, iluminação

Fábio Namatame, figurino

Tiça Camargo, visagismo

ELENCO

Marly Montoni (Marie/Cinderela)

Mar Oliveira (O Príncipe)

Jean William (O Conde)

Johnny França (Barão de Pictordu)

Fernanda Nagashima (Amelinde)

Daiane Scales (Maguelone)

Maria Sole Gallevi (A Fada Madrinha)

Récitas: 05, 06, 08, 11, 12, 13, 14 e 15 de outubro,

quinta a sábado às 20h, domingos e feriados às 17h

Ingressos: Plateia: R$ 100/ R$ 50 (meia)
1º Balcão: R$ 80/ R$ 40 (meia)
2º Balcão: R$ 60 / R$ 30 (meia)
https://feverup.com/m/129011

Duração: 1h15min (com intervalo)

Idade: Livre (recomendado a partir de 8 anos)

THEATRO SÃO PEDRO

Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, gerido pela Santa Marcelina Cultura, tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses mais de 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro, e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural, e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de La Cenerentola, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na diversidade, com títulos conhecidos do repertóriotradicional, obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país. Agora o Theatro São Pedro inicia uma nova fase, respeitando sua própria história e atento aos novos desafios da arte, da cultura e da sociedade.

SANTA MARCELINA CULTURA

Eleita a melhor ONG de Cultura de 2019, além de ter entrado na lista das 100 Melhores ONGs em 2019 e 2020, a Santa Marcelina Cultura é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas que atua com a missão de formar pessoas. Criada em 2008, é responsável pela gestão do Projeto Guri na Capital e Grande São Paulo, da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (EMESP Tom Jobim) e do Theatro São Pedro. Desde 2022, é responsável pela gestão do Projeto Guri no Interior, Litoral e Fundação CASA. O objetivo da Santa Marcelina Cultura é desenvolver um ciclo completo de formação musical integrado a um projeto de inclusão sociocultural, promovendo a formação de pessoas para a vida e para a sociedade. No Theatro São Pedro, a Santa Marcelina Cultura desenvolve um trabalho voltado a montagens operísticas profissionais de qualidade aliado à formação de jovens cantores e instrumentistas para a prática e o repertório operístico, além de se debruçar sobre a difusão da música sinfônica e de câmara com apresentações regulares no Theatro. Para acompanhar a programação artístico-pedagógica do Projeto Guri, da EMESP Tom Jobim e do Theatro São Pedro, baixe o aplicativo da Santa Marcelina Cultura. A plataforma está disponível para download gratuito nos sistemas operacionais Android, na Play Store, e iOS, na App Store. Para baixar o app, basta acessar a loja e digitar na busca “Santa Marcelina Cultura”.

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