Cultura - Música

No mês de aniversário de Mário de Andrade, o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo

14 de Outubro de 2022

Saiba mais sobre as diversas apresentações programadas a este corpo artístico  fixo do Theatro Municipal criado pelo poeta, músico, pesquisador e agitador cultural ao longo do mês e conheça um pouco mais sobre sua história, buscando  circular uma música e um jeito de tocar brasileiros

Crédito: Acervo do Complexo Theatro Municipal de São Paulo

Escritor, agitador cultural, músico, professor, gestor: são muitos os papéis que Mário de Andrade teve na cena artística nacional - embora nem todos saibam e creiam que o autor de Macunaíma tenha tido uma vida restrita à literatura, uma das atividades que o consagrou. Muito preocupado com a preservação da memória brasileira, Mário sempre conduziu suas reflexões por maneiras de evidenciar e perpetuar a cultura e a identidade brasileiras, assim como aplicar os ideais modernistas no cotidiano cultural paulistano. E sua atuação não poderia ter sido mais importante na história do Theatro Municipal de São Paulo.

Nos anos 30, Mário criou e dirigiu o Departamento de Cultura da Municipalidade Paulistana, que mais tarde se tornaria a Secretaria Municipal da Cultura. No cargo, além de ter sido responsável pela biblioteca que recebe seu nome desde os anos 1960, na Praça Dom José Gaspar, Mário de Andrade foi o responsável pela criação de dois dos corpos artísticos do Theatro Municipal de São Paulo: o Coral Paulistano e o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo.

Tanto o Coral Paulistano quanto o Quarteto nasceram com o intuito principal de incentivar o desenvolvimento de um repertório e uma forma de interpretar caracteristicamente brasileiros. “Mário teve um papel fundamental, tanto do Quarteto de Cordas, que se chamava Quarteto Haydn em 1935, ano em que foi criado, quanto no Coral Paulistano. Os dois surgiram da iniciativa do Mário e que estava ligada à constituição de um repertório brasileiro, de compositores brasileiros, e de uma música voltada às culturas e aos temas brasileiros, mesmo que fosse uma música erudita, no Theatro Municipal”, explica Rafael Domingos Oliveira, historiador e coordenador de Acervo e Pesquisa do Theatro Municipal de São Paulo..

E completa: “A ideia é que o Quarteto fosse um grupo de câmara, que pudesse circular. E o Coral Paulistano, em 1936, criando uma marca do cantar brasileiro, ou seja, os repertórios brasileiros e, mesmo os estrangeiros, a partir de uma personalidade e identidade brasileira. Vale lembrar que o Municipal não tinha em seu início corpos próprios e companhias estrangeiras eram pagas para fazer seus concertos e óperas aqui. Ele foi muito motivado por esse cenário em que se importava companhias de músicos. E ele foi aluno e professor no Conservatório Dramático e Musical, hoje incorporado à Praça das Artes, formando gerações e gerações de músicos que viriam a integrar corpos do Theatro e de todo o Brasil”.

Para Marcelo Jaffé, violista do Quarteto de Cordas Municipal, atuar na formação hoje é um prazer e um desafio. “A música de câmara ( um gênero da música de concerto) é realizada por grupos pequenos, historicamente, para eventos relacionados ao prazer de ouvir e fazer música. Um equivalente de hoje talvez seja uma jam session, ou uma roda de choro, até um encontro de partido alto”, diz. “O Quarteto de Cordas se torna o principal representante desse movimento, por seu equilíbrio sonoro com instrumentos de uma mesma família, e pela necessidade de uma escrita sem subterfúgios, sempre essencial. Um desafio para os compositores”.

Marcelo Jaffé explica que as programações do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo são todas pensadas “com o intuito de apresentar recortes, com começo, meio e fim, dos diversos aspectos do fazer musical, misturando repertório de compositores brasileiros e estrangeiros, misturando estilos e linguagens, convidados das mais variadas vertentes, derrubando muros, quebrando tabus, construindo pontes e apontando para uma atuação e interpretação onde a música não apresenta um caráter binário”.

CALENDÁRIO DE APRESENTAÇÕES DO QUARTETO DE CORDAS EM OUTUBRO

Quem quiser conhecer melhor o trabalho do Quarteto e como ele leva música aos mais diferentes espaços da cidade, terá em outubro uma excelente oportunidade de conhecer a diversidade de repertórios e palcos que a formação contempla.

No dia 20 de outubro, sexta-feira, na Sala do Conservatório da Praça das Artes, às 20h, o espetáculo “Compositoras Românticas” trará o trabalho de Fanny Mendelssohn, Amy Beach e Karin Fernandes, com a própria Karin ao piano, tentando desvendar esse romantismo à brasileira.O espetáculo tem 60 minutos e os ingressos custam R$30.

Já no domingo, 23 de outubro, o Quarteto se apresenta na Biblioteca Mário de Andrade em “Mariofagia”, às 10h da manhã. No repertório, composições de Heitor Villa-Lobos. O espetáculo é gratuito e a indicação, livre.

No dia 27 de outubro, quinta-feira, é a vez de outra biblioteca. Ao meio-dia o quarteto irá se apresentar na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, dentro da Cidade Universitária, também gratuitamente. No repertório, além de Villa-Lobos, Osvaldo Lacerda.

Finalmente, no dia 29 de outubro, sábado, às 20h, os músicos pegam a estrada e desembarcam com seus instrumentos no Conservatório Carlos Gomes, na cidade de Campinas, para apresentar esse mesmo repertório. 

Serviços:
Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo apresenta Compositoras Românticas
com Karin Fernandes, pianista
Praça das Artes - Sala do Conservatório
20/10/2022,  20h
Ingressos: R$ 30 (inteira)
Duração total 60 minutos
Classificação livre

Mariofagia
Auditório da Biblioteca Mário de Andrade
23/10/2022, domingo, 10h
Ingresso: gratuito
Duração: 20 minutos
Classificação: livre

Quarteto de Cordas na Brasiliana

27/10/2022, quinta-feira, 12h

Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Rua da Biblioteca, 21 - Cidade Universitária, São Paulo,SP

Ingresso: gratuito

Duração: 60 minutos

Classificação: livre

Quarteto de Cordas no Conservatório Carlos Gomes

29/10/2022, sábado, 16h

Conservatório Carlos Gomes

Rua José Freitas Amorim 155 Jardim - Fazenda Santa Cândida, Campinas - SP

Ingresso: gratuito

Duração: 60 minutos

Classificação: livre

SOBRE O COMPLEXO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo.

O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras). Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado.

Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo.

Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área.

Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.

Patrocinadores do Complexo Theatro Municipal de São Paulo - Sustenidos: Nubank, Bradesco e Visa.

SOBRE A SUSTENIDOS

A Sustenidos é a organização responsável pela gestão do Conservatório Dramático e Musical de Tatuí e do Theatro Municipal de São Paulo, dos programas Musicou, Som na Estrada, e MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange); e pelos festivais Ethno Brazil e Imagine. Foi responsável pela gestão do Projeto Guri, programa de ensino musical, no litoral e no interior do Estado de São Paulo, incluindo os polos da Fundação CASA, de 2004 a 2021. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos, eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm suporte fiscal da Lei Federal de Incentivo à Cultura e do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir no site da Sustenidos.

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