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Índice de Preços dos Supermercados registra alta recorde em março

25 de Abril de 2022

Aceleração generalizada dos alimentos impulsiona o IPS para 2,64% em março, o maior da série histórica para o mês

O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), apurado pela APAS (Associação Paulista de Supermercados) em parceria com a Fipe, foi de 2,64% em março, o maior da série histórica para o mês. O grupo de alimentos foi um dos mais impactados pela alta das commodities, o que explica a aceleração registrada. O IPS acumulado em 12 meses chegou a 15,22%.

O conflito entre Ucrânia e Rússia, a alta dos combustíveis, a desorganização das cadeias logísticas e a inflação generalizada no mundo pressionam os preços no Brasil e refletem na ponta do consumo, onde estão os supermercados e a população. “A expectativa para o primeiro semestre deste ano é de instabilidade em muitos setores da economia, principalmente naqueles sensíveis aos preços internacionais das commodities. O processo de alta é generalizado. A inflação nos Estados Unidos já chega a 7,8%. É a maior em 40 anos. E na Zona do Euro fechou março em 7,5%”, explica Diego Pereira, economista da APAS. “No Brasil não é diferente. O IPCA, por exemplo, volta a ganhar força por conta da pressão internacional e acumula 10,54% nos últimos 12 meses. Novas projeções para a taxa de juros já chegam a 13% ao ano até o término de 2022. Nesse cenário, cabe aos supermercados negociar cada vez mais com os fornecedores e ao consumidor ampliar as buscas por alternativas de produtos que ainda não receberam todo o peso da inflação, como é o caso dos cortes suínos e seus derivados”.

Alta das commodities

Desde 2020, o mercado sinaliza alta nos preços das principais commodities. O conflito entre Rússia e Ucrânia acelerou essa tendência. O relatório do Banco Central aponta que a escalada dos preços internacionais não dá sinas de reversão (gráfico abaixo).

Produtos industrializados e estiagem

Outro fator que pesa na composição do preço são os custos de produção dos produtos alimentícios industrializados. Os custos dos serviços de logística, de matérias-primas e da energia elétrica tiveram elevação de 16,09% em março.

Fatores climáticos também influenciaram na alta dos industrializados. A estiagem na região Sul reduziu a área de pasto, deteriorou a qualidade da forragem e da silagem, intensificando o efeito da entressafra. Em março, por exemplo, o leite inflacionou 7,80% e, no acumulado, 10,13%.

Proteínas animais

Os cortes suínos, na contramão das demais proteínas animais, apresentaram deflação (7,62%) pelo 12º mês seguido, beneficiados principalmente pelo aumento de produção (4,86%) em relação ao mesmo período de 2021. A tendência, segundo Diego Pereira, é de queda no primeiro semestre. “A guerra dificultou a exportação da nossa carne suína para a Rússia. Por isso, a oferta no mercado interno deverá continuar alta”, avalia o economista.

Os pescados foram impactados diretamente pelo aumento dos preços dos combustíveis para pesca selvagem e da ração para a piscicultura. Mesmo assim, essa cesta apresentou queda de 0,91% em março, apesar de aumentos pontuais, como a da pescada (4,33%). O setor enxerga com otimismo a venda de pescados nesta Páscoa. “A volta aos encontros presenciais incentiva as famílias a comemorar a data”, analisa Pereira. 

Hortifrutigranjeiros

Os hortifrutis (produtos in natura) tiveram inflação de 8,93% em março, com acumulado de 31,58% nos últimos 12 meses. Os preços foram puxados pelos legumes e verduras, que apresentaram aceleração de 18,75% e 13,77% em março, respectivamente.

O setor agrícola vem sofrendo forte pressão inflacionária causada principalmente pelo aumento dos combustíveis e pelas dificuldades da importação de fertilizantes. Os nitrogenados e fosfatados já apresentavam supervalorização desde o ano passado, tendência que se intensificou com a guerra, pois a Rússia era a principal exportadora de fertilizantes para o Brasil.

Bebidas

As bebidas alcoólicas registraram inflação de 0,35% em março e 5,17% no acumulado de 12 meses, com destaque para a cerveja, que subiu 0,24% por conta dos preços ajustados pela indústria. O setor conseguiu, até 2021, absorver a elevação dos fretes marítimos, mas agora começa a repassar os preços por conta das repetidas altas na cotação do barril de petróleo.

Já as bebidas não alcoólicas tiveram alta de 0,98% e de 9,77% no acumulado dos últimos 12 meses. Os refrigerantes foram o destaque, com aumento de 1,27% em março e 13,96% no acumulado dos 12 meses, acompanhando a subida dos preços internacionais do açúcar.

Nota Metodológica

O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.

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