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Em 4 anos, 21 mil detentos não retornaram de 'saidinha' no Estado de São Paulo

27 de Janeiro de 2020

Nos últimos quatro anos, cerca de 21 mil detentos que deixaram temporariamente as prisões do Estado de São Paulo não retornaram. O levantamento da Rádio Bandeirantes foi feito com base em informações fornecidas pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária).

Dos presos que saíram no último Natal e Ano Novo, 1.488 ignoraram o prazo de retorno, que venceu há quase 1 mês. Esse número representa mais de 4,5% do total de beneficiados, que foi de 32.754. Entre janeiro e dezembro, considerando todas saídas temporárias no ano passado, 5.087 detentos não voltaram e se tornaram foragidos.

Previsto na Lei de Execuções Penais, o período de no máximo sete dias beneficia presos que cumprem pena em regime semiaberto e com bom comportamento. As "saidinhas", como ficaram conhecidas, acontecem pelo menos seis datas no ano: Páscoa, Dia das Mães e dos Pais, Dia das Crianças, além do Natal e Ano Novo.

O especialista em Direto Penal Douglas Goulart reconhece que os números são expressivos, mas ressalta que a finalidade das saídas temporárias é preparar a ressocialização. O advogado entende ainda que o formato é equivocado. Ele critica, por exemplo, o uso ineficaz de tornozeleira eletrônica ou a autorização generalizada, sem analisar caso a caso.

Para o senador Major Olimpio, o que acaba acontecendo é um prejuízo à segurança pública. “A polícia fica limpando o chão com a torneira aberta. No período das saídas temporárias o número de roubos, furtos, homicídios e estupros aumenta significativamente”, afirmou.

O parlamentar é autor de um projeto que prevê a extinção das saídas temporárias e se diz esperançoso com a rápida aprovação do texto. “Nós devemos votá-lo neste semestre na CCJ do Senado e eu tenho a expectativa de colocá-lo ainda este ano em plenário pra ser aprovado. É uma necessidade pública.”

O senador avalia ainda que a melhor maneira para a reinserção social de um detento é a progressão de pena, sem saídas temporárias. Isso é possível após a realização de exames criminológicos e se o preso tiver bom comportamento e desempenho satisfatório no trabalho. Com o pacote anticrime recentemente aprovado no Congresso, condenados por crime hediondo seguido de morte deixam de ter direito às saídas temporárias.

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