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Universitária ferida em explosão no litoral suspeita de ato premeditado

11 de Dezembro de 2019

A estudante de medicina Manuela Reinert, de 23 anos, que teve cerca de 40% do corpo queimado devido à explosão de um botijão de gás na casa onde mora, no Guarujá, litoral de São Paulo, no último dia 23 de novembro, e que está internada há três semanas para se recuperar das lesões, não vê o ocorrido como um mero acidente. A jovem desconfia que possa ter sido vítima de um ato criminoso.

"Quero que as causas sejam apuradas, porque tenho duas pessoas suspeitas que poderiam ter causado esse incidente. Uma delas estava na minha casa no dia e foi a última a sair antes que eu chegasse. Foi horrível. A minha casa foi destruída, mas estou viva. Além de estar viva, estou íntegra. Estou assustada até agora", afirmou a universitária.

Manuela Reinert, que classificou o incêndio como uma catástrofe e está internada há três semanas no Hospital Ana Costa, em Santos — ela recebeu os primeiros socorros na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Guarujá —, comemora a velocidade da sua recuperação, especialmente pela gravidade dos ferimentos que sofreu.

"Ainda não estou 100%. A minha mão e o pé esquerdo, que foram os mais atingidos, que eram áreas de terceiro grau, bem provavelmente graças a essas tecnologias não vão precisar de enxerto. Estou com bastante expectativa de sair rápido. Lógico que a recuperação é lenta. Esteticamente falando, mais ainda. Mas, funcionalmente, está rápido", projetou.

Tratamento

A jovem explicou que já passou por uma cirurgia de debridamento (método utilizado como preparação de uma ferida para receber um enxerto) e que, nesta semana, conseguiu dar os primeiros passos após o acidente.

A estudante destacou ainda a importância de estar utilizando uma jaqueta de couro para minimizar a extensão dos ferimentos. "Consigo mexer os meus membros, inferiores e superiores. Tive muita sorte, porque no dia do acidente usei uma jaqueta de couro que cobriu o meu tórax e protegeu os principais órgãos do corpo", ponderou.

Fotos: arquivo pessoal
 

Ela acredita que o tratamento — que inclui o acompanhamento de um cirurgião plástico de uma enfermeira especializados em queimados — utiliza uma tecnologia avançada e, por isso, tem obtido resultados além das expectativas iniciais.

Expectativa de alta

Aluna do terceiro semestre do curso de medicina na Unoeste, Universidade do Oeste Paulista, Manuela revelou que espera poder deixar o hospital na próxima terça-feira. No entanto, a definição da alta ainda depende de exames e procedimentos médicos, como a colocação de uma matriz dérmica (camada de pele artificial) para evitar a implantação de enxertos.

"Na [próxima] segunda, o médico vai reavaliar e, se não precisar fazer o enxerto, estou de alta. Outra coisa que vai ficar meio em aberto é que estou tendo febres constantes. Estou tomando os antibióticos necessários, mas continuo com febre todos os dias", disse.

Rotina e projetos

Após deixar o hospital, Manuela deverá passar por um período em que necessitará de cuidados especiais antes de retomar algumas atividades rotineiras, como os estudos, por exemplo. Devido ao tratamento, ela não poderá se expor ao sol por pelo menos um ano.

"Demorou muito para aceitar que a minha rotina iria mudar muito, porque agora não posso ter exposição ao sol Estou com muitos machucados, a pele que está vindo é muito fina e pode haver cicatrizes. E ainda estou sem andar. Sei que vou ter que mudar a minha rotina, as coisas que eu vestia, que gostava. Não vou poder entrar no mar, fazer várias coisas. Mas tudo tem um propósito maior", afirmou a estudante.

Entretanto, a experiência traumática despertou na jovem o anseio em participar de projetos sociais ligados à área em que pretende trabalhar profissionalmente. "Se a minha recuperação for rápida, até o ano novo, fiz uma promessa que é fazer doações. Quero contribuir de alguma forma para as pessoas que não têm acesso à medicina", complementou Manuela.

A estudante também agradeceu as diversas mensagens com pensamentos positivos de seguidores em suas redes sociais e, em vídeos compartilhados na função Stories do Instagram, disse que estava emocionada pelas manifestações de carinho.

Por fim, a esperança de voltar ao convívio de amigos e familiares é grande em Manuela. "Estou indo muito bem. Lógico que ficar no hospital cansa, estressa, gera ansiedade e muitas coisas ruins. Mas, no fim do dia, a gente tem que olhar pelo lado positivo. Porque, pela dimensão que foi a explosão, poderia nem estar aqui mais", enfatizou.

Parentes de Manuela, também projetam a recuperação completa e na realização dos sonhos da jovem, como a vendedora e estudante de necropsia Ana Paula Reinert, prima da universitária. "Ela é um milagre de Deus. Ainda vai se formar e salvar muitas vidas", projetou.

Outro lado

A reportagem do R7 procurou as autoridades policiais da Baixada Santista para obter informações sobre o inquérito instaurado para apurar as causas do acidente. Até a publicação desta matéria, não havia resposta.

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