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Cooperação Brasil-China cria demanda por dirigentes internacionais

21 de Novembro de 2019

A dinâmica das relações entre chineses e brasileiros e os laços econômicos entre os dois países – na casa dos US$ 100 bilhões, anualmente, além das possibilidades de exportação e de investimentos no Brasil, dão origem a uma demanda por lideranças capazes de comandar filiais no exterior. 

A movimentação de executivos, principalmente de empresas brasileiras que pretendem manter operações mais próximas com os parceiros comerciais fora do país de origem, pode ser uma vantagem competitiva e um mecanismo útil para realizar negócios.

Leonardo Dias, CFO Brasil para brand de Systems na IBM, que já passou pela experiência cultural de liderança de equipes asiáticas e interação com CFOs orientais, acredita que criar credibilidade é uma condição necessária para melhorar o desempenho financeiro das relações externas e ampliar parcerias. “Isso muda a forma de fazer negócios da empresa. Você constrói uma relação de confiança com a equipe e isso é transmitido pelo time na hora de estabelecer parcerias internas e externas e aumentar os números da companhia.”

Dias, que viveu como expatriado na Malásia de 2015 a 2017 e foi responsável pela operação financeira de Pricing da IBM Global Financing em 11 países, entre os quais a China, avalia o momento como oportuno para quem pensa em ascender na escada corporativa. “O profissional que optou por direcionar a carreira para a área executiva e reúne habilidades pessoais como poder de decisão, conhecimento técnico, capacidade de comunicação, torna-se alguém elegível para uma posição no exterior. Também é importante certo nível de ambição, ser flexível e ter um cuidado muito forte com o branding pessoal”, destaca.

Para o CFO, a transferência de país, sendo algo desejado pelo executivo, não deve ser omitida de quem pode contribuir para alcançar essa realização. “É preciso mostrar interesse pela experiência de gestão internacional e disponibilidade para assumir novos desafios. Para isso, o executivo precisa, como antecedentes, estar alinhado às estratégias da companhia e em um momento muito bom de entrega de valor à empresa”, ressalta.

Inserção na cultura oriental

Durante o período que viveu na Ásia, apesar de as negociações serem realizadas em inglês, Dias aproveitou para aprender o básico do mandarim. “O idioma é um plus para quem já conhece outras línguas e mostra, por parte do profissional, que há interesse por aquela cultura, que ele deseja saber mais sobre ela. É uma mensagem que você passa nas relações pessoais com a equipe e com os clientes”, afirma. Para ele, ainda que o cenário econômico aponte o mandarim como o idioma da vez, o mais importante é a habilidade de relacionamento. “O asiático precisa ganhar confiança para trabalhar em equipe. Uma vez conquistado, ele também possui um senso muito forte de hierarquia.”

No dia a dia, o CFO relata que costumava marcar reuniões no formato one to one e round tables com os funcionários sob gestão. Isso era feito para criar network e as pessoas se conhecerem e entenderem as necessidades da equipe e de cada um, em particular.

Expatriados x Multinacionais

Em multinacionais, é comum o executivo começar como subordinado. Com Dias não foi diferente. A trajetória profissional teve início como estagiário e, hoje, aos 39 anos, ele soma 16 anos de IBM. Ao longo desse período, o CFO, ávido por novidades, conheceu diversas áreas da empresa, acumulando entendimento sobre cada uma delas e competências comportamentais que o levaram a cargos de gestão.

Para as corporações, expatriar funcionários implica em custos adicionais, como aumento de salário, bônus, auxílio para transferência e moradia do expatriado, inclusive, entre outros extras. Isso, no entanto, fica em segundo plano se o retorno do investimento no executivo for algo vislumbrado em um horizonte breve pela empresa.

Depois da experiência, que o executivo considera de grande transformação pessoal e profissional, Dias foi convidado a assumir como head a área de Credit Risk Management da IBM para América Latina, posição que liderou na volta ao Brasil antes de ser novamente promovido para a atribuição que tem hoje, de CFO Brasil da Brand de Systems da IBM.

 

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