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A medicina do vinho fortalece o coração, mas atenção: consumir além da conta faz mal

10 de Abril de 2013

Nenhuma bebida recebe tanta atenção de cientistas quanto o vinho. Composto de cerca de 400 substâncias, a cada estudo surgem novidades a respeito de seus efeitos. Na dose certa — duas taças diárias para homens e uma para mulheres — protege o coração e o cérebro. Mas agora os amantes da bebida têm mais motivos para brindar. Cientistas da Universidade da Calabria, comprovaram que o resveratrol, encontrado na casca da uva, aumenta o colesterol bom, baixa a pressão arterial, rejuvenesce as artérias, mantém o nível adequado de açúcar no sangue e, o que surpreendeu muitos pesquisadores, dificulta a multiplicação de células malignas, em experimentos feitos em laboratório.

Os poderes do resveratrol são tão grandes que já existem estudos para transformar a substância em um medicamento. Mas, enquanto a droga não é sintetizada, os cientistas oferecem pistas para quem quer seguir um conselho médico tão saboroso e escolher o melhor vinho para a saúde: pelas pesquisas, são os tintos feitos com uvas tannat, merlot e cabernet sauvignon. São elas as que mais têm resveratrol, substância da família dos polifenóis. E cerca de 95% dos polifenóis estão nas cascas das uvas, segundo o cardiologista gaúcho Jairo Monson de Souza Filho, que há 15 anos investiga e publica artigos sobre efeitos dos vinhos.

— Os vinhos são ricos em microminerais como ferro, zinco, cobre, cromo, selênio, cobalto, iodo, manganês, molibdênio e flúor. Entre eles, destacam-se o cromo, pelo seu efeito cardioprotetor e contra o diabetes, e o silício, pela sua ação nas gorduras e na aterosclerose — comenta.

A mistura de microminerais benéficos à circulação sanguínea e polifenóis — como o resveratrol — é ideal para prevenir doenças.

Esse mix de substâncias do bem tem poderoso efeito antioxidante — diz Protásio Lemos da Luz, professor de Cardiologia da USP e pesquisador do Instituto do Coração (Incor).

Há dez anos o cardiologista estuda as ações benéficas dos vinhos. Num trabalho com jovens na faixa dos 20 anos, com colesterol alto e sem outro problema de saúde, doses certas de vinho tinto tomadas por 15 dias dilataram as artérias dos participantes, fluindo melhor o sangue.

Em agosto, no Congresso Europeu de Cardiologia, em Paris, ele apresentou um trabalho que teve como foco justamente o resveratrol. As cobaias que receberam doses mais altas de resveratrol tiveram melhoria da capacidade vascular. Segundo Lemos, em outros estudos o resveratrol aumentou a longevidade. Isso porque essa substância estimula a replicação de células. E, quando um organismo envelhece, perde exatamente essa capacidade de replicar as células.

Mas atenção: o teor de polifenóis nos vinhos depende da cepa, da região, do clima, da vinificação (sobretudo do tempo de maceração e do controle de temperatura) e do modo pelo qual os vinhos são armazenados em tonéis. Os cientistas recomendam vinhos tintos, em doses pequenas, diárias. É bom para o coração e para a prevenção de doenças degenerativas. Mas não vale abusar do vinho: quem ultrapassar a dose recomendada perde qualquer benefício apontado pelas pesquisas.

Vinho não é remédio e consumir a bebida além da conta faz mal. O álcool em excesso desidrata e ataca células do cérebro, do fígado, podendo causar alcoolismo, transtornos de comportamento, e seu consumo abusivo e continuado leva ao câncer. A metabolização do álcool depende de fatores como gênero (mulheres são mais vulneráveis), peso corporal, quantidade de enzimas para metabolizar a substância e uso concomitante de alimentos e medicamentos. No caso do vinho, a quantidade diária recomendada pelos médicos é de duas taças para os homens (ou cerca de 300ml). Para mulheres, uma taça (cerca de 200ml). Além dessa quantidade por dia, o álcool inicia o processo de desidratação que prejudica a saúde.

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