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'Corpos magérrimos do Instagram não são a vida real', diz coach nutricional Gabi Lodewijks

2 de Setembro de 2019

Em busca de motivação e até mesmo de um colírio para os olhos, muitos começam a seguir nas redes sociais digital influencers que se dedicam ao fitness, beleza e boa forma, e que ostentam corpos sarados dignos do panteão grego em seus perfis no Instagram, compartilhando por lá um estilo de vida de muita malhação e dieta, mas também certo glamour. Mas afinal, até onde vai o limite entre a realidade e os músculos exibidos nas redes sociais?

A coach nutricional Gabi Lodewijks, criadora do projeto internacional ‘Vida Saudável’ utiliza as redes sociais para comunicar-se com mulheres do mundo inteiro e motivá-las a mudarem seu estilo de vida para conseguir mais saúde e emagrecimento sustentável. No entanto, ela alerta que os corpos magérrimos e sarados exibidos diariamente por influencers no Instagram pode dar uma ideia distorcida aos seguidores: “Os corpos magérrimos que vemos nas redes em sua grande maioria não representam a mulher real. Não se trata de apenas ter o corpo magro, mas buscar a perfeição com procedimentos cirúrgicos, sem celulite, sem nenhuma dobrinha de gordura, botox nos lábios e rosto, alinhamento facial. Que mundo alienado é esse? As mulheres andam com a autoestima baixa porque vivem querendo se comparar com bonecas de plástico das redes sociais e esquecem que elas também têm problemas, mas claro, nas redes sociais querem mostrar uma vida perfeita”.

Distorção de imagem causada pelas redes sociais

Com a superexposição de corpos esculturais, Gabi Lodewijks aponta que a sociedade enfrenta distorções quanto a autoimagem e a realidade do corpo: “Não se pode acreditar totalmente no que se vê na internet. E também se render a estes padrões inalcançáveis para a maioria são frustrantes e causam distorções de autoimagem e relação com o próprio corpo gravíssimas. Mulheres reais não precisam seguir padrões de beleza, assumindo seu corpo como ele é. Celulites e marcas no corpo são algo normal e passar anos buscando uma beleza que faça sentido aos olhos dos outros é perda de tempo”.

Vivian Costa / MF Press Global

A cultura nos condiciona a engordar

Gabi também aponta que o emagrecimento se dá com uma mudança de mentalidade e abandono de práticas instauradas pela sociedade em nossa mente desde muito cedo: “crescemos ganhando comida como recompensa de um dia bom na escola, recebendo doces, bala, chocolate ou sorvete como prêmio por se comportar bem. Na fase jovem e adulta tendemos a nos premiar com comida, tendemos afogar as mágoas num pote de sorvete ou na bebida alcoólica. Comemoramos o emprego novo com um jantar e assim por diante. Tudo gira em torno de eventos sociais ligados à comida e bebida. A cultura nos condiciona a engordar, e fazer dieta hoje em dia pode ser sinônimo para alguns de dar adeus à vida social. O que não é necessário pois e possível sim mudar hábitos e emagrecer mesmo tendo vida social, a questão e aprender a ter um balanço .”.

A magreza como ideal de beleza

A coach nutricional vive na Holanda, e revela que mesmo no berço da civilização ocidental, que é a Europa, o padrão de beleza mudou muito: “Antigamente aqui na Europa ser magro era coisa de plebeu, porque o acesso a comida era escasso, então quem tinha dinheiro pra comer era mais gordinho, fofinho e eram os ricos e nobres. Hoje em dia o acesso aos alimentos é muito mais fácil e ser magro passou a ser o novo padrão de beleza, que até o século 19 era ser gordinho. Mulheres mais curvilíneas eram consideradas ideal de beleza. Hoje há uma grande cobrança sobre as mulheres para que sejam magras e sensuais. Homens mais barrigudinhos, que bebem e comem sem constrangimento e com cabelo grisalho não são tão criticados como uma mulher que opte por fazer isso tudo e ainda tiver alguns fios brancos. Ela é drasticamente criticada. Mundo cruel e sociedade injusta”.

Rede Social como ferramenta de empoderamento

Gabi Lodewijks ressalta que usa as redes sociais como ferramenta de empoderamento e elevação de autoestima : “Trabalho com nutrição comportamental utilizando ferramentas de neurolinguística para ajudar na criação de um novo estilo de vida. O Projeto Vida Saudável já ajudou mais de mil mulheres e continua transformando vidas. Minha satisfação é enorme quando vejo  clientes mentalmente saudáveis, se livrando de crenças limitantes, pensamentos sabotadores, se aceitando, se amando e com sua autoestima lá em cima”.

Como emagrecer de forma saudável?

Para a especialista, o emagrecimento precisa ser sustentável e ter as motivações corretas: “Quer emagrecer porque não se sente satisfeita por uma questão pessoal ? Ótimo! A mudança começa pela mente, mudar hábitos e criar um estilo de vida sustentável ao meio em que você vive sem querer seguir padrões de beleza estipulado pela mídia. Existe uma grande diferença entre ter que emagrecer  ou decidir emagrecer. Emagrecer é uma decisão e quando você decide, cria um plano de ação e se compromete com isso, não há por que dar errado e para manter é necessário mudar sua mente e criar um estilo de vida saudável”.

Foto: Vivian Costa / MF Press Global 

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