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Por que as brasileiras estão obcecadas por cirurgias plásticas?

15 de Julho de 2019

Toda semana, jornais estampam notícias sobre brasileiras que morrem ou ficam hospitalizadas, vítimas de cirurgias plásticas malsucedidas. As histórias se repetem: as pacientes confiaram em procedimentos inadequados e médicos desqualificados – nem sempre profissionais de verdade, com registro – e pagaram com suas vidas o sonho do corpo perfeito.

O Brasil é o segundo país onde mais se realizam cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Mas a imposição do ideal de um corpo perfeito aliada às facilidades de realizar esses tipos de procedimento são também responsáveis pelas frequentes mortes de mulheres. Mas o que leva a arriscarem suas vidas em troca de seios, barriga chapada e glúteos?

No Brasil, a ditadura da beleza é um fenômeno que penaliza, mas que também banaliza, avalia o cirurgião plástico Fernando Bianco.

Dr. Fernando Bianco
 

“Existe uma preocupação excessiva com o corpo, que está naturalizada no cotidiano e cresce cada vez mais”, observa.

A necessidade de exibir um corpo perfeito e jovem acabou também por banalizar as cirurgias plásticas. Na maioria das vezes, as operações são vendidas como descomplicadas e rápidas.

“Cirurgia não é você fazer no meio da semana e já poder ir pra uma festa no sábado. Infelizmente tem público que acredita nessas promessas. Existe todo um cuidado no pós-operatório, que pode durar semanas ou até meses. E é preciso seguir à risca, para que a cirurgia tenha o resultado esperado”, ressalta o cirurgião.

Nem procedimentos na vagina escapam e o número desse tipo de cirurgia aumentou. A Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) aponta que 13 mil labioplastias foram realizadas em 2016 no Brasil, com um aumento de 39% em relação ao ano anterior. Segundo especialistas, a maioria desses procedimentos não é realizada por uma questão funcional, mas puramente estética.

“O Brasil é o país onde mais se realizam cirurgias estéticas íntimas, seja para estreitar o canal vaginal, diminuir os grandes lábios ou retirar gordura do púbis”, conta o médico.

Segundo ele, mesmo que o padrão de beleza no Brasil tenha evoluído no imaginário da sociedade, o bumbum ainda continua sendo preferência nacional. No entanto, ela lembra que as exigências do corpo perfeito mudam de acordo com as classes sociais.

“Geralmente, entre as classes média e alta, o padrão valorizado é o do corpo bem definido, mais magro. Já entre as classes populares, o estereótipo da ‘gostosona’, com coxas, bumbum e peitos grandes, é mais valorizado”, lembra.

De acordo com dados da Isaps, 86,2% das cirurgias plásticas no mundo são realizadas por mulheres. O aumento de seios continua sendo a cirurgia plástica mais realizada (15,8%) entre os 2,5 milhões de procedimentos por ano, seguidos da lipoaspiração (14%) e da cirurgia de pálpebra (12,9%).

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