Colaboradores - Valéria Calente

Sucessão de Tragédias – Brasil e Nova Zelândia

15 de Março de 2019

O que está acontecendo?

Ainda não nos recuperamos da tragédia que assolou nossas crianças em Suzano, e nos deparamos com outro caso, ainda com maior número de vítimas.

O mundo mudou. Muito. Com a evolução tecnológica.

A internet é uma ferramenta extraordinária, usada algumas vezes em proveito da violência, intolerância, fofoca e pornografia.

Mas em uma semana duas transmissões ao vivo nas redes sociais? Oi?

Tem muita coisa errada.

Porque os jovens não tem garra? Porque estão sempre insatisfeitos?

Porque tantos casos de depressão? Suicídio?

Erramos a mão criando nossos filhos. Ponto.

Minha família era simples, classe média.

Tínhamos uma televisão na sala e assistíamos juntos, discutindo o tempo todo. Meu pai e minha mãe tinham preferência na escolha, obvio.

Estudei em escola pública, ia à biblioteca fazer minhas pesquisas, e a maior alegria da  minha infância foi a aquisição da Barsa.

Os trabalhos eram manuscritos, resumíamos livros e tínhamos lição de férias.

Sabíamos a tabuada de cor e estávamos sempre prontos para a chamada oral, o que me ajudou muito na época dos concursos públicos.

Acho que sofri bullying, não estou certa porque não se falava disso. Era muito estudiosa e a queridinha de alguns professores.

Meus pais nunca foram à direção da escola para reclamar de professores ou mesmo dos meus colegas que não eram legais comigo.

Deixei de ir a muitos passeios porque meus pais não deixaram, fiquei de castigo muitas vezes. Dividia brinquedos com meu irmão.

Minha turma andava de bicicleta e brincava na rua. A tarde sentávamos todos na calçada pra conversar.

O nosso café da manhã não tinha duzentas opções de granola e cereal.

Os meninos colecionavam figurinhas, não peguetes.

As meninas colecionavam papel de carta, não namorados.

Cantava o Hino Nacional com a mão no peito.

Tinha aula de Moral e Cívica.

Nossa alma não doía. A nossa única dor era quando usávamos merthiolate.

Então esta é a tal sociedade liquida?

Carências afetivas, necessidade de ser visto e curtido.

Famílias desestruturadas, adolescentes perdidos, tristes, suicidas, violentos.

Muitas vezes os distúrbios emocionais, psicológicos, psiquiátricos não são notados.

A tecnologia substituiu o diálogo, a curtida substituiu o abraço.

Falta amor no mundo.

Sinto-me destroçada e me solidarizo com todas essas famílias.

Fiquemos atentos ao que se passa a nosso lado.

Muitas vezes tem alguém muito perto de nós com um grito de socorro silenciado em seu peito.

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