Colaboradores - Valéria Calente

Dia Internacional da Mulher

8 de Março de 2019

A maior parte das referências diz que o Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas.

Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

O dia 8 de março é o resultado de uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres (principalmente nos EUA e Europa) por melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos, que tiveram início na segunda metade do século XIX e se estenderam até as primeiras décadas do XX.

No dia 8 de março de 1857, trabalhadores de uma indústria têxtil de Nova Iorque fizerem greve por melhores condições de trabalho e igualdades de direitos trabalhistas para as mulheres. O movimento foi reprimido com violência pela polícia.

Em 8 de março de 1908, trabalhadoras do comércio de agulhas de Nova Iorque, fizeram uma manifestação para lembrar o movimento de 1857 e exigir o voto feminino e fim do trabalho infantil. Este movimento também foi reprimido pela polícia.

No dia 25 de março de 1911, cerca de 145 trabalhadores (maioria mulheres) morreram queimados num incêndio numa fábrica de tecidos em Nova Iorque. As mortes ocorreram em função das precárias condições de segurança no local. Como reação, o fato trágico provocou várias mudanças nas leis trabalhistas e de segurança de trabalho, gerando melhores condições para os trabalhadores norte-americanos.

Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem ao movimento pelos direitos das mulheres e como forma de obter apoio internacional para luta em favor do direito de voto para as mulheres (sufrágio universal). Mas somente no ano de 1975, durante o Ano Internacional da Mulher, que a ONU (Organização das Nações Unidas) passou a celebrar o Dia Internacional da Mulher em 8 de março.

Um único dia.

Flores, mensagens fofas e chocolatinhos.

Mas temos mesmo o que comemorar?

O número de denúncias de violência contra mulheres aumentou quase 30% no ano passado. E a primeira semana de 2019 mostrou um quadro assustador.

Solange Gomes, de 36 anos, morreu após ser ferida no pescoço pelo marido com um canivete, na noite de Natal.

No Distrito Federal, a primeira vítima de feminicídio do ano foi Vanilma Martins dos Santos, de 30 anos, esfaqueada pelo homem com quem viveu por uma década. Thiago de Souza Joaquim, de 33 anos, chegou em casa bêbado, discutiu e agrediu a mulher. A deixou ferida no hospital, fugiu, mas acabou sendo preso.

Perto de Indaiatuba, interior de São Paulo, depois de uma denúncia, a polícia encontrou, na beira de uma rodovia, Edivaldo da Silva, o homem que matou com 20 facadas a ex-mulher com quem teve quatro filhos. Ele disse à polícia que estava bêbado e agiu por ciúme.

São apenas algumas histórias de uma rotina de violência pelo Brasil.

As denúncias de agressão dispararam. Em 2018, foram mais de 92 mil ligações para a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência - o Disque 180.

Só em dezembro, 391 mulheres foram agredidas por dia e foram registradas 974 tentativas de feminicídio - um aumento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado.

A covardia contra a mulher pode ser ainda maior porque muitas nem chegam a denunciar os companheiros ou ex-companheiros. Em muitos casos, o feminicídio não pode sequer ser considerado uma surpresa: a cada dez mulheres mortas, três já tinham sido agredidas antes.

O estudo do Ministério da Saúde cruzou os registros de mortes com os de atendimentos na rede pública entre 2011 e 2016 e revelou que, em seis anos, 6.393 mulheres morreram, apesar de já terem procurado ajuda em outras ocasiões.

"A Lei do Feminicídio, que é de 2015, é um grande avanço, grande conquista do movimento de mulheres e é instrumento muito importante para enfrentar a questão da violência contra a mulher. Agora, a lei por si só não muda condutas. A educação é o instrumento mais transformador que a gente tem pra mudar essa realidade. Um adolescente de 17 anos não pode achar que ele pode matar a namorada de 14 porque ela o contrariou", afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, menos de 10% das cidades do país têm delegacias especializadas no atendimento a mulheres.

Esses agressores tiveram uma mãe, muitos devem ter irmãs, tias, primas, filhas...

Por que ainda temos que conviver com essa violência.

Por que um agressor simplesmente para sua motocicleta e coloca fogo na mulher que foi sua companheira?

Mensagens fofas e flores são bem vindos.

Mas queremos apenas respeito.

Respeito à nossa vida principalmente.

Mesmo com todos esses índices alarmantes de violência nada nos detem.

Mexeu com uma mexeu com todas. Trabalhamos incansavelmente.

Teremos amanha a inauguração de mais uma Delegacia de Defesa da Mulher em Santo Amaro.

Parabenizo a Presidente Dra. Lisandra Gonçalves, incansável, que com o suporte das colegas vem fazendo diferença em nossa Subseção.

Somos a Garota Sem Medo, que, queixo erguido e mãos na cintura, encara o Touro de Wall Street.

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