Cultura - Teatro

Prof! Profa! apresenta Jandira Martini dirigida por Celso Nunes em monólogo divertido e intrigante

27 de Agosto de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já encenada em diversos idiomas e países, a comédia Prof! Profa!, do dramaturgo belga Jean Pierre Dopagne, chega ao Brasil comJandira Martini dando vida e garra à protagonista. A direção da montagem brasileira é de Celso Nunes e produção da Mesa 2, de Fernando Cardoso e Roberto Monteiro. O espetáculo faz sua estreia nacional dia 31 de agosto, sábado, às 21 horas, no Teatro do SESC Ipiranga, contando a vida de uma professora que decide dar um olé no destino e ser feliz à sua maneira.

A ex-professora, que trocou as salas de aula pelos palcos, se dirige ao público para contar a sua história em um formato de monólogo vibrante, onde a plateia funciona como um segundo personagem - já que tudo é contado e interpretado diretamente para ela. Afinal quem é essa mulher? Uma idealista que não suportou a maneira como vem sendo encarado o ensino? Uma louca perigosa que cometeu um crime irreparável? Uma mãe de família descontente? Com humor feroz, a personagem instigante é capaz de provocar muito riso, algumas lágrimas e um tanto de reflexão.

Com este mote, Prof! Profa!  aborda a vida sob vários ângulos, colocando o público cara a cara com a ética e a falta dela, com o humano e o desumano, com o instinto e a razão, com as estratégias do poder, com o fracasso e o sucesso e com a passagem do tempo. Com um profundo conhecimento da profissão, que exerceu durante anos na Universidade de Bruxelas, Dopagne usa as semelhanças entre Aula e Teatro para apresentar um universo em crise.

O ator português Santos Manuel (já falecido) foi quem sugeriu a Celso Nunes a montagem do espetáculo. A ação é centrada na intérprete. O autor pede um cenário único e um ambiente cênico parecido com o de uma palestra onde a oralidade é 100% predominante, quer dizer, sem projeções e com uma luz permanentemente acesa.

Na fase de criação da peça, o trabalho do diretor Celso Nunes teve como foco o texto e a atriz Jandira Martini, a primeira atriz que Celso  dirigiu, logo no começo da carreira de ambos, “quando ela era universitária e morava em Santos e eu me exercitava nas primeiras direções teatrais pela metade da década de 1960”.

Celso Nunes tem uma parceria de longa data com Jandira Martini, ele já dirigiu a atriz em várias montagens: A Falecida (1966, de Nelson Rodrigues), O Interrogatório (1970, de Peter Weiss), A Longa Noite de Cristal (1970, de Oduvaldo Vianna Filho), Pra lá de Marrakesh (1985, de Cristhopher  Durang) e A Vida é Uma Ópera (1992, da própria Jandira).

Humor na narrativa

O diretor ficou feliz porque ao ler o texto a atriz Jandira Martini já pensou em criar a personagem. “Somos todos um pouco alunos e professores durante nossas vidas, mesmo os que nunca exerceram essa profissão, da mesma forma que todos somos um pouco colonizados e colonizadores, mandados e mandões, subordinados e subordinadores, filhos e pais, individuais e coletivos, carentes e plenos, realistas e sonhadores”, comenta o encenador.

Celso Nunes diz que está sendo um trabalho prazeroso em muitos aspectos: “voltar a trabalhar com minha velha amiga Jandira, num texto de ótima qualidade dramatúrgica e assessorado por uma equipe competente de criadores e produtores artísticos”, completa.

A atriz Jandira Martini descreve sua personagem como uma idealista. “Educada em outros tempos, seduzida pelo saber e apaixonada pela profissão, tenta incutir nos alunos os mesmos valores que apreendeu. Não se dando conta de que os tempos são outros e se recusando a resignar-se diante da crise e da violência atual do meio escolar, passa de vítima a protagonista dessa mesma violência. O crime é consequência de seu excesso de zelo, de seu amor à profissão e de sua total desilusão com a maneira como vem sendo tratado o ensino.”

No processo de criação de uma personagem, Jandira diz que “todo tipo de referência pode ser útil”. Assim, ela e o diretor reviram alguns filmes que tratam do tema escola, como o francês Entre Muros e o alemão A Onda. “Além disso, “buscamos material em nossas memórias, em nossas escolas, nossos professores e nos jovens de hoje .  Sendo um monólogo não convencional, uma vez que não se trata de um solilóquio, mas de uma conversa com o público, buscamos elementos no stand-up comedy, porque se trata de alguém, no caso a professora contando sua história de forma direta para a plateia presente.”

Para Jandira Martini, o que mais impressiona no texto de Dopagne é o humor com que ele narra acontecimentos que, analisados sob outro ponto de vista, seriam verdadeiras tragédias. “Explica-se facilmente a competência e a inspiração com as quais o texto foi escrito pelo fato do próprio autor ser Professor de Literatura na Universidade de Bruxelas. Não se trata, obviamente, de uma autobiografia, mas a experiência de Dopagne no ensino torna o texto muito preciso e bem humorado.”

A comparação que o autor faz entre aula e teatro é o grande achado do texto. A atriz explica: “No ensino convencional, antigo, os alunos são meros espectadores do professor, que por sua vez age como um ator em cena. E Dopagne se utiliza dessa personagem, uma professora à moda antiga, para expor a defasagem que há entre a Escola e o mundo moderno. O mundo da Internet, dos games, do Google, do Youtube, do Facebook. Ele não sugere soluções, mas deixa clara a urgência de mudanças e reformas no ensino”.

Jandira Martini considera que a característica principal deste monólogo é que o público passa a ser quase uma segunda personagem, já que tudo é contado e interpretado diretamente para ele.

 

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