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O que o Brasil precisa para 2019 ser o ano da virada

18 de Dezembro de 2018

*Por Daniel Toledo

A cada seis meses, publico para algumas empresas que realizo consultoria, estudos sobre de tendências de mercado. Esses dados são baseados em analises e relatórios que são enviados periodicamente para diretores e presidentes.

E em 2017, também baseado em estudos e tendências de mercado, produzimos um vídeo para o canal no YouTube da Loyalty Miami USA abordando este tema. Mostrei alguns números que refletiam a realidade da economia norte-americana e a brasileira, com foco no dólar, em relação a algumas previsões para 2018 sobre o que aconteceria essa mesma moeda nos meses de março e junho. E os números bateram, chegando a casa dos R$ 4,19.

Não chego a esta conclusão por achismo. Pelo contrário, são anos acompanhando a movimentação do mercado e trabalhando com investidores. Além disso, tomo como referência informações de diversas instituições financeiras mundiais.

Este estudo é fundamental para analisar alguns cenários, o que permite entender melhor como essas questões funcionam, além de conseguir levantar algumas previsões relacionadas as finanças de alguns países, não os que fazem a economia girar como é o caso dos Estados Unidos e China que são fortes e que consequentemente criam uma ondulação que os demais acabam seguindo.

Primeiramente, quero dizer que confio no mandato do Jair Bolsonaro, que é uma pessoa extremamente capacitada e sua equipe técnica também, com exceção de um determinado integrante. O Sergio Moro, como futuro Ministro da Justiça, já fez uma mudança efetiva na diretoria da Polícia Federal, o que será ótimo para o país. Acredito que esse seja o primeiro, e importante, passo.

Algumas pessoas acham que o Brasil dos últimos 20 anos vai ser completamente renovado no dia 1 de janeiro de 2019 e não é assim. Movimentações na economia não acontecem do dia para noite. Geração de empregos e recursos muito menos.

Hoje o Congresso brasileiro tem 594 pessoas, sendo 81 senadores e 513 deputados federais. Ou seja, tem várias etapas jurídicas que as aprovações de projetos, leis e afins precisam seguir. A oposição não vai deixar que essas mudanças ocorram em ritmo acelerado. É importante ressaltar este fato para que as pessoas entendam que as coisas não funcionam única e exclusivamente por conta do presidente.

A projeção para o dólar em 2019

Situação 1

Eu elaborei alguns cenários que são públicos e que foram divulgados pelo Banco Central Brasileiro (Bacen) sendo que o primeiro é analisado por esta própria instituição. O BTG também faz um panorama parecido em que colocam o Brasil com 150 pontos.

Essa análise é basicamente um milagre, que eu, particularmente, acho pouco provável por uma série de situações. Nós teríamos que contar com um grande comprometimento do presidente da república para que isso aconteça, afim de que volte a confiança no Brasil, e assim o país possa ter perfomance, caixa, estrutura financeira e política. Questões essas, que olhando de uma forma muito macro, não depende nem só do país, mas também de alguns vizinhos. Inclusive, uma movimentação meio torta em algum ponto na América Latina bastaria para influenciar a economia brasileira, que pode ocasionar em alguma consequência no risco país.

Além disso, o Bacen prevê a taxa de juros, e o interjuris americano previsto para dez anos, caindo meio ponto em percentual, o que é bastante. O que eu também não acredito que vá acontecer, porque a gente está prevendo algumas coisas para os Estados Unidos a partir do ano que vem. Então, entendo que está havendo uma certa preocupação com alguns gastos, existe uma oferta muito grande de dinheiro no mercado. O governo vai tentar segurar isso pouco, por enquanto, mas acho que o Banco Central está sendo muito positivo.

Essa análise prevê também uma reforma muito agressiva na previdência, contando com que todas as mudanças necessárias sejam realizadas, o que eu não acredito que possa acontecer. O Banco Central prevê um dólar médio para o ano que vem, de R$3,40, no melhor cenário.

Situação 2

Há algumas apostas de alguns bancos internacionais em focar no mercado especulativo, que inclusive já começou em junho deste ano. Existe ainda algum dinheiro de especulação no Brasil, que em 2018 captou mais de R$6 bilhões em recursos internacionais para o mercado financeiro, que veio de quem especula moeda. Por isso, esse dinheiro não é declarado, porque muitas vezes não vem identificado dessa forma.

Existe um cenário visto por alguns bancos especialistas no mercado especulativo. Estou falando de especulação, o pior dos cenários, onde é visto que o Brasil irá enfrentar muitos impasses políticos e que o Bolsonaro não vai conseguir aprovar tudo o que ele quer por conta de uma contrapartida muito grande e divergências políticas.

Também apostam na demora na reforma previdenciária. Por ser um assunto muito delicado e pela conta aumentar a cada dia. Além de dificuldades nas negociações, e muitas divididas dentro do Congresso. Tudo isso vai jogar o risco país lá em cima, vai causar instabilidade de moeda, insegurança financeira, e o dólar flutuaria entre R$4,80 e R$4,90. Cenário de caos. Muito perto do que o Brasil enfrentou em junho deste ano.

Situação 3

É o cenário que eu enxergo e que algumas instituições financeiras mais conservadoras e frias estariam de acordo. O Brasil vai conseguir passar alguns projetos da reforma previdenciária porque, se não, algumas mudanças necessárias para que a ecomonia tome folego, não ocorrerão. E, se isso acontecer, vai haver uma série de cortes necessários, inclusive algumas medidas jurídicas que o próprio presidente pode tomar.

Nós vamos ter uma contenção de gastos, mas não aquela que de fato é preciso ser feito.  Além disso, acho sim que vai haver uma reforma da previdência, mas não dá forma que é necessária.

A manutenção do cenário internacional de hoje não é o pior dos mundos, mas também não é o melhor a ponto de esperar o dólar entre R$3,30 e R$3,40. Não acho que a manutenção vá fazer o dólar baixar tanto. O Bolsonaro não vai comprar tantas brigas simultaneamente, se não ele perde o controle e aí assim desmorona tudo. Espero que ele seja estratégico, e faça tudo no momento certo.

Com isso, o cenário internacional conseguirá se manter. O risco país nesse caso, eu aposto, vai ficar entre 220, no máximo 240 pontos.  Acredito neste fato porque já vi alguns números semelhantes anteriormente por isso aposto na manutenção do dólar, na minha concepção, em uma flutuação por volta de R$3,85 e R$3,95 durante o ano.

Em relação a geração de emprego, observo que o brasileiro adora criar expectativa e eu estou vendo muita gente assim. E nesse momento é importante focar na situação em que estamos vivendo. O Brasil estava com 14 milhões de desempregados e é impossível que todos estes postos sejam realocados no primeiro ano de governo.

A reforma tributária é mais do que necessária. Sempre tive essa visão de empresário, que na hora que isto ocorrer, vai ser possível diminuir a quantidade de taxas que sobrecarregam empresas, afetando de forma negativa a remuneração de seus colaboradores. Que a gente possa ter uma legislação eficaz.

Hoje o empresário se tornou uma instituição financeira, custeando uma operação de cheque parcelado, enquanto na verdade eles está emprestando dinheiro para o cliente realizar uma compra à vista, sendo que vai receber em até doze vezes. Essa é a reforma que eu acho ser uma das mais importantes para fazer o Brasil crescer porque é a única que pode tirar as amarras do empresário e permitir que ele prospecte, gere emprego, tributo, renda e crescimento. O que não vai ser tão fácil de acontecer.

O mercado internacional é muito aberto para o produto brasileiro, mas o micro e pequeno empresário não tem tem incentivo do Governo, do BNDES, nem tributário para se projetar no mercado externo. Sem contar que muitas vezes ele não tem nem conhecimento sobre como fazer isso. Se houve algum empenho neste sentido por parte da equipe econômica que vai assumir, conseguiríamos um reflexo positivo nessa balança comercial.

O Itamaraty poderia explorar melhor as parcerias com as câmaras de comércio que existem no Brasil, de diversos países. Essas instituições precisam olhar com mais atenção para esses empresários.  Quando as coisas caminharem dessa forma, eu acredito que em um ano a gente vai ter uma melhora considerável na economia brasileira.

A educação no Brasil é sufocada pelo MEC, afirmo isso porque a minha família possui uma atuação tradicional no segmento de educação, principalmente no interior de São Paulo e também fui diretor de uma universidade por quase sete anos, ou seja, eu cresci dentro desse ambiente e sei como funciona em detalhes. Gostaria que o Bolsonaro fizesse uma auditoria no caixa do FIES, a gente iria descobrir que tem muito mais problema do que se imagina, sem contar que esse dinheiro, às vezes, vai para alguns lugares bem esquisitos.

Agora minha opinião sobre a taxa Selic. A previsão para 2019 por parte do Governo atual é de 8%. Eu acho que ela deve subir um pouco mais, justamente por conta dessa expectativa exagerada, que eu tenho comentado, sobre a nova conjuntura política, que não é positiva porque não é racional.

Acho que a taxa de juros prevista para o próximo ano é bem real, nós vamos chegar nela. Mas, para isso, teremos que fazer um pequeno aumento nos juros, se não as pessoas vão se arrebentar de crédito. Esse é um problema que a gente precisa tomar cuidado, tanto quanto o excesso quanto a inadimplência porque o Bolsonaro não vai conseguir transformar tudo em seis meses, e acredito eu que nem no primeiro mandato será possível realizar tudo o que é necessário porque depende de muito fatores externos a ele.

Em 2018 a Balança Comercial teve uma captação de R$ 68 bilhões, o que eu não acho ruim, mas que está aquém da capacidade do país. Existe uma previsão que supere R$70 bilhões no ano que vem, o que também poderia melhorar. O Brasil tem uma capacidade gigantesca, náutica, de alguns ramos de tecnologia, em nióbio, exploração de petróleo, monopólio da Petrobrás, uma série de coisas que podem ser abertas que vai triplicar o valor da balança comercial. Basta ter coragem para colocar o dedo na ferida.

*Daniel Toledo é advogado especializado em direito internacional, consultor de negócios e sócio fundador da Loyalty Miami. Para mais informações, acesse: http://www.loyalty.miami  ou entre em contato por e-mail contato@loyalty.miami. Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 55 mil seguidores https://www.youtube.com/loyaltymiamiusa com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender nos Estados Unidos. A empresa agora possui sede em Portugal e na Espanha.

 
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