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No DF, polícia demora 117 horas para capturar jiboia de R$ 5 mil

17 de Outubro de 2018

117 horas foi o tempo que a Polícia Ambiental do Distrito Federal demorou para capturar uma jiboia arco-íris, de 1,5 metro. O trabalho começou meia-noite de quinta-feira (11) e o animal só foi localizado às 21h de segunda-feira (15), em Águas Claras, cidade satélite de Brasília.

Jiboia some e é capturada 117 horas depois, em Brasília

Divulgação Polícia Ambiental do Distrito Federal
 

O major José Gabriel de Souza Júnior recebeu um telefonema inusitado por volta de 0h da última quinta-feira. “Um garoto, de uns 15 anos, estava estudando e percebeu movimentação estranha no armário. Quando abriu, era uma cobra”, contou ao R7.

“O jovem chamou o pai para capturar o animal, mas não conseguiu. A serpente conseguiu escapar pela tubulação de água, próxima ao banheiro que tinha no quarto do adolescente”, continuou. Ao saber da história, o major chamou a atenção do pai: "Não pode. Quando se deparar com animal silvestre, acione a polícia”, diz José.

Em seguida, uma viatura ambiental chegou ao local para realizar a captura da cobra, que custa em média de R$ 2 a R$ 5 mil. No entanto, os agentes não conseguiam localizá-la. “Colocamos 14 armadilhas de galões de água com ratos dentro”, explicou. “Mas a serpente estava muito bem escondida”, disse, rindo.

Enquanto o animal não era localizado, a polícia tratou de saber quem era o dono da jiboia: um jovem, de 23 anos, morador do 28° andar do nobre prédio localizado na quadra 28-norte. “O dono disse que ela tinha a idade de dois anos e que era criada solta no apartamento com mais dois cachorros. E disse que ela nunca fez mal a ninguém”, relatou o policial.

Proprietário do animal não tinha licenciamento do Ibama

Proprietário do animal não tinha licenciamento do Ibama

No entanto, o dono não tem a licença ambiental do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para ter o animal em casa. Por isso, ele irá responder pelo artigo 29, da lei 9.605 da Constituição de 88. O jovem pode pegar de três meses a um ano de reclusão, além do pagamento de multa, administrativamente e civilmente, de até R$ 5 mil.

Após dias de silêncio, no domingo à noite, um morador do segundo andar presenciou uma manifestação estranha na sala. “Ele notou o lustre balançando constantemente, o que indica que a cobra podia estar presa em meios aos fios”, considerou. “Assim sendo, trabalhamos com a ideia de que ela já estaria do 2° andar pra baixo.”

Passados cinco dias, quando o relógio apontava 21h no Batalhão da Polícia Ambiental de Águas Claras, localizado a três minutos do prédio onde a cobra havia sumido, o major recebeu um telefonema: “Encontraram a cobra!”

Menino de 9 anos vive com cobra dentro de casa

Um adolescente viu o bicho rastejando já pelo chão, fora da tubulação, em frente ao prédio. “O porteiro, que havia recebido treinamento, conseguiu capturar o animal. Depois, chegamos lá e resgatamos a serpente”, disse o major. “É um animal dócil.”

Questionado sobre os maiores problemas durante o resgate do animal, o major destaca a intolerância e a justiça cega dos moradores. “Muitas pessoas queriam bater no jovem dono da cobra ou até mesmo matar o animal, mas não funciona assim. Nem o animal nem o homem merece isso”, argumentou. “Não adianta fazer justiça com as próprias mãos.”

Em ocasiões como esta, o major é categórico: "Não faça nada. Acione a polícia e deixe o animal quieto, sem tocá-lo ou ameaçá-lo.”

O animal, agora, terá uma nova casa: o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), vinculado ao Ibama. Lá, vai ter readaptação ao ambiente natural, além de avaliação da saúde do bicho. Caso ele não se adapte bem, o major acredita que a serpente será transferida para o Zoológico de Brasília.

Animal será enviado para Centro de Triagem de Animais Silvestres

Animal será enviado para Centro de Triagem de Animais Silvestres

Divulgação Polícia Ambiental do Distrito Federal

Fonte: R7

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