Colaboradores - Tânia Voss

Maria Rita exclusivo: história, novo trabalho, show e Elis

7 de Setembro de 2018

Em primeira mão, uma das melhores cantoras da MPB, fala com exclusividade e abre o coração com sua história de vida e carreira. Muito segura, plena, e dona de uma das mais belas interpretações femininas, Maria Rita contou suas vivências, aprendizados, transformação,experiência , e respondeu a todas as perguntas. Ainda falou da ligação com a mãe Elis Regina,  uma das maiores cantoras do mundo, e também contou sobre o novo trabalho. Uma entrevista emocionante, um presente aos fãs de todas as idades, já que o público de Maria Rita está entre 20 a 100 anos, além das crianças que a adoram.

 
 

Depois de percorrer o Brasil, Maria Rita apresenta novamente o show “Amor e Música”, moldado em torno do álbum homônimo, o oitavo de sua discografia, em São Paulo. Além de “Cadê Obá”, “Reza” e “Amor e Música”, canções do último trabalho da cantora, compostas por nomes tarimbados da música brasileira, como Moraes Moreira, Luiz Paiva, Davi Moraes, Carlinhos Brown, Zeca Pagodinho e Fred Camacho, o show também apresenta sucessos de discos anteriores, como “Bola pra Frente”, “O Homem Falou” e “Tá Perdoado”, entre outros.

“É um show fortemente calcado nos temas do novo disco, onde pretendo dar ênfase ao grito entalado na garganta, mas também a mensagens de fé, força e perserverança”, conta a cantora.

Responsável também pela direção geral do espetáculo, Maria Rita subirá ao palco com um time de velhos conhecidos, composto por Leandro Pereira (violão 7 cordas), Wallace Santos (bateria), Rannieri Oliveira (teclado), Alberto Continentino (baixo), Fred Camacho (cavaco), Jorge Quininho (percussão) e Adilson Didão (percussão). A cenografia é de Zé Carratu, o figurino, de Walério Araújo, e a iluminação, de Arthur Farinon.

No CD, “Amor e Música”,também estão no repertório duas canções de Arlindo Cruz – a releitura do hit “Saudade Louca”, parceria do compositor com Acyr Marques e Franco, lançada em 1989, e a inédita “Cara e Coragem”, composta em parceria com Davi Moraes.

Maria Rita ganhou mais dois presentes especiais: “Pra Maria”, samba inédito de Marcelo Camelo, compositor que está presente no trabalho da cantora desde o seu álbum de estreia, “Maria Rita” (2003), e “Samba e Swing”, canção inédita de Oscar da Penha (1924 –1997), o Batatinha, poeta do samba de Salvador (BA), que a cantora recebeu das mãos da família do compositor.

O disco conta ainda com as faixas originais “Nem Por Um Segundo”, de Zeca Pagodinho e Fred Camacho; “Reza”, parceria de Pretinho da Serrinha com Nego Alvaro e Vinicius Feyjão, “Cadê Obá”, de Davi Moraes e Carlinhos Brown; “Perfeita Sintonia”, de Fred Camacho, Leandro Fab e Marcelinho Moreira; e a já divulgada “Cutuca”, de Davi Moraes, Marcelinho Moreira, Fred Camacho, que foi apresentada em setembro do ano passado na trilha sonora da novela Pega-Pega, da Rede Globo.

Para a alegria e emoção de milhares de fãs por todo o planeta, curta agora muito mais sobre a estrela Maria Rita:

CV -Hoje como você se sente, filha de uma das maiores cantoras do mundo e essa autenticidade brilhante, única.... No começo da sua carreira, sei que foi bem difícil para você, cobrança demais das pessoas, do público e hoje você encara isso lindamente. Sinta-se a vontade para falar disso se quiser. Agradeço.

MR- "Desde muito cedo, tive que aprender a separar os papéis - a filha da Elis que sente saudade do que não foi e a filha “curadora” da “marca” Elis Regina. De certa forma, carrego os aprendizados desse exercício comigo para sempre. No entanto, reconheço que, no início da minha carreira, resisti à proximidade com a minha mãe por julgar um caminho muito fácil, óbvio, ofensivo e preguiçoso. Não é a minha fibra. Mas hoje, depois de tantos anos de carreira, me sinto plena e confiante enquanto cantora, sem aquela pressão toda e sem essa sombra que carrego da arvore genealógica."

CV- Fale sobre o show no Tom Brasil,  “Amor e Música”, moldado em torno do álbum homônimo, o oitavo da sua carreira, com sua direção e produção. O resultado saiu como você desejava?

MR- “Amor e Música” foi um disco em que eu não tinha um assunto em pauta como tinha nos meus outros discos. Eu não tinha uma proposta específica, por isso não tinha um resultado esperado já em mente. Eu tinha que entrar no estúdio e gravar para entender o rumo que as músicas iriam tomar. Sinto que o repertório tem muitas mensagens que eu mesma estava precisando ouvir, e não exatamente mensagens que eu precisava colocar para fora. É muito curioso isso, porque mesmo sem um roteiro essas músicas falaram diretamente comigo. Esse álbum me mostrou mais uma vez essa onipotência. E acabou que o repertório teve isso, mas foi uma busca, uma jornada, eu não tive uma pauta e mesmo assim gostei muito do resultado final. Estou muito orgulhosa desse projeto, então, sim, saiu como eu desejava."

CV- Como escolheu os parceiros e convidados para o repertório desse trabalho?

MR- "Eu tento desenhar um roteiro diferente do disco para o show. Por isso, além do álbum novo, eu trago para o show músicas de discos antigos porque sinto que elas têm muito valor emocional para o público. Uso o critério da saudade, escolho as músicas que a plateia mais sente falta e ainda tem muito carinho. Depois de anos na estrada já tenho um termômetro para isso, mas também dou valor ao que meus fãs me mandam nas redes sociais, as músicas que eles mais pedem. A mesma banda que gravou comigo o disco está toda no show e isso cria uma cumplicidade muito bacana que eu acho que fica nítida no palco".

CV- Com tantos estilos e ritmos diferentes nesse Brasilzão, como você sente a música popular brasileira hoje? O que gosta de ouvir em casa e com quem adoraria fazer um dueto no palco?

MR- "Ouvi MPB a minha juventude inteira e sinto que muito mudou de uns tempos para cá. A atual situação do mercado não está tão favorável para os novos e velhos talentos. A indústria fonográfica tem um gênero da massa e vem esquecendo um pouco do samba e da MPB. Mas quando eu escuto Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Sombrinha, Beth Carvalho, Clara Nunes, minha mãe, Pretinho da Serrinha e outros tantos cantores que me inspiram, eu fico muito feliz e esperançosa. Mas, além dos canais de comunicação, tem gente à beça trabalhando e correndo atrás, gente muito boa, que está fazendo um trabalho bonito de verdade. Eu sinto uma união muito forte no nosso gênero musical. Sei que tem muita coisa para melhorar, mas tem muito folego ainda. O Diogo Nogueira, por exemplo, é um cantor sensacional que me identifico muito. Os shows dele estão sempre lotados, e o trabalho que ele faz é de altíssimo nível. É um cara que eu adoraria trabalhar junto."

CV- Você é uma cantora com milhões de seguidores, você imaginava ser hoje tão amada, reconhecida mundialmente, com esse sucesso total exalando essa luz e talento tão fortes?

MR- "Não imaginava. Pelo contrário, eu me preparei — e muito — pro pior. Eu sabia que alguma coisa aconteceria, mas não do tamanho que foi. Sempre tentei passar a minha verdade, a minha paixão, porque demorou para eu me encontrar. Foi um caminho solitário mas que rendeu muitos frutos. Por isso, acredito que toda essa verdade tocou e toca as pessoas e elas sabem que minha carreira é marcada por muito trabalho, dedicação, sacrifício e integridade".

CV- O que esperamos de novidade para o show, aqui em São Paulo?

MR- A surpresa mesmo está nas cores, nos detalhes, nas mensagens, na força do samba. Essa turnê é uma realização para mim, pois me resume muito, tem muita cor, luz, brilho e tudo que tem direito, finaliza a diva da MPB.

Serviço:

Maria Rita - Show no Tom Brasil, em São Paulo, no dia 8 de setembro

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