Colunistas - Rodolfo Bonventti

O pioneiro e grande mestre da TV

2 de Agosto de 2018

Filho do radialista Otávio Gabus Mendes, o paulistano Cassiano Gabus Mendes só podia mesmo se transformar em um dos nomes mais importantes da televisão brasileira já que desde pequeno se acostumou a conhecer os bastidores dos programas de rádio.

Cassiano fez um pouco de tudo nos primórdios da nossa TV e com muita competência. Quando a TV Tupi abriu as portas, em setembro de 1950, ele tinha apenas 23 anos de idade e se transformou no primeiro diretor artístico da televisão brasileira.

Mas ele não se contentou em apenas dirigir artisticamente a programação da nova emissora, e trabalhou também nos primeiros anos da TV Tupi como sonoplasta, roteirista, produtor e ator.

Ele foi diretor da emissora por 16 anos e se manteve na TV Tupi até 1975 quando se transferiu para a TV Cultura e logo depois para a TV Globo, onde se transformou em um dos principais autores de telenovelas nas décadas de 70 a 90.

Como ator ele fez vários teleteatros na TV Tupi e foi responsável pela criação do “TV de Vanguarda” e do seriado “Alô Doçura” estrelado pelo então casal Eva Wilma e John Herbert, e um grande sucesso na década de 50.

Cassiano foi também um dos responsáveis pela guinada nas novelas da TV Tupi ao conceber a novela “Beto Rockfeller”, em 1968, e estrelada pelo seu cunhado na vida real, o ator Luis Gustavo.

Na TV Globo escreveu novelas de sucesso começando com “Anjo Mau” em 1976. Se transformou no mago do horário das 19 horas com histórias como “Locomotivas”; “Te Contei?”; “Marron Glacê”; “Elas Por Elas”; “TiTiTi” e “Brega e Chique”.

Dessas, tanto “Anjo Mau” como “TiTiTi” foram atualizadas e levadas novamente ao ar pela TV Globo após a morte de Cassiano, agora sob a responsabilidade de Maria Adelaide Amaral, que era uma grande admiradora dele e se considera muita influenciada pela maneira como Cassiano escrevia.

O maior sucesso de Cassiano Gabus Mendes como autor foi, sem dúvida, a novela “Que Rei Sou Eu?”, levada ao ar em 1989, também no horário das 19 horas, uma excelente sátira ao momento político que o Brasil vivia e com um elenco onde brilharam Tereza Rachel, Antonio Abujamra e Jorge Dória, entre outros.

Em 1992, Cassiano topou retomar sua carreira de ator e aceitou o convite de Carlos Lombardi para viver o mafioso Franco na novela “Perigosas Peruas”. A idéia inicial era que ele fizesse uma participação especial, mas o personagem fez sucesso e ele ficou no ar até o final da novela.

Sua última novela como autor foi “O Mapa da Mina”, em 1993, estrelada por Malu Mader e por seu filho mais novo, o ator Cássio Gabus Mendes, e também com a participação do seu outro filho, o também ator Tato Gabus Mendes.

Cassiano morreu vitimado por um infarto do miocárdio, três semanas antes da novela “O Mapa da Mina” terminar no ar. Ele tinha 66 anos de idade e deixou um exemplo de artista que fez sempre uma televisão de muita qualidade.

 

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