Cultura - Teatro

Denise Stoklos comemora 50 anos de carreira com espetáculo solo EXTINÇÃO no Teatro Anchieta, em São

5 de Abril de 2018

 

Créditos para Leekyung Kim

 

Baseado no livro homônimo do austríaco Thomas Bernhard, o espetáculo solo com Denise Stoklos apresenta uma obra demolidora dos valores conservadores da sociedade que limitam os espaços de exercício de liberdade e amor. A temporada acontece no Teatro AnchietaSesc Consolaçãode 13 de abril a 20 de maio. A direção é de Denise Stoklos,Francisco Medeiros Marcio Aurelio.

 

O espetáculo apresenta textos de Denise Stoklos que os interpreta referindo-se ao ritmo vertiginoso, reiterativo, cruel e veemente do livro (lembra praticamente um contínuo Joyce, especificamente no monólogo de Molly Bloom).

 

“Isso leva à cena a proposta do autor de extinção dos pilares da sociedade capitalista: à família fechada, ao implícito egocentrismo do neoliberalismo, as demagogias de todos os lados muitas vezes até dos movimentos e das redes sociais em sua mistificação de valores, a pretensa solidariedade que é questionável quando há estratificação de classes sociais, o racismo instalado mas com todos os disfarces, a intolerância a todas às diferenças”, conta Denise.

 

A montagem, por Denise Stoklos

 

“Neste ano estou completando 50 anos de teatro. A montagem ‘Extinção’, livremente inspirada no livro de Thomas Bernhard realizada pelo Sesc São Paulo abre as comemorações que se encerram em dezembro com a primeira edição do FIDS, Festival Internacional de Solo Performance Denise, em Irati, Paraná com patrocínio exclusivo do ITAU CULTURAL através de seu diretor Eduardo Saron e seu firme apoio à diversidade do teatro.

 

Nasci em 14 de julho de 1950 em Irati, no Paraná. Aos dezoito anos estreei com uma peça que escrevi, produzi, dirigi e atuei com um grupo de amigos: “Círculo na lua, lama na rua”, peça que, desde o nome, pretendia ultrapassar a censura, apresentava um intrincado mais funcional sistema de revolução através de um imaginado ‘Clube dos Artistas’: os mais sensíveis à desafinação de violinos ‘Trafapro’ (Tradição, Família e Propriedade) instrumentos que era de uso compulsório dos moradores da cidade. Estávamos em pleno AI5 (a estreia foi em 24 de novembro) e eu estava estudando Jornalismo e Ciências Sociais, ambiente cultural que veio a definir permanentemente todas as minhas questões políticas, pessoais e artísticas.

 

Chamei para a montagem comemorativa dois diretores paulistas da minha geração, Francisco Medeiros e Marcio Aurélio, para compartilharmos a direção. Nunca trabalhei com eles antes, mas sempre corremos em paralelo com nossas produções pessoais, e nos admiramos. Considero a montagem de Francisco Medeiros com Ileana Kwasinsky (outra paranaense, nos tratávamos por ‘polacas’) ‘Depois do Expediente’ de Xavier Kroetz uma obra prima de nossa época. Marcio Aurelio passou anos encantando os alemães, quando morou lá, tendo montado inclusive ‘Mefisto’, nada menos que um Fausto à moda dele. Além de sermos da mesma geração outro dado nos une: Antonio Abujamra, aquele a quem frequentávamos como diretor, mestre, oráculo, e importante provocador.

 

O psicanalista e escritor Ricardo Goldenberg me sugeriu o livro “Extinção” de Thomas Bernhard, para montagem e mergulhou na aventura como dramaturgista. Nela se uniu Lua Santosouza, também psicanalista – nunca acho que essa área é demais, para nós, de teatro, que nos debatemos tanto com limites, desejos, papéis, máscaras, personas, confrontações, estéticas, embates sociais, etc.

 

Chamei J.C.Serroni um cenógrafo diretor de arte e extremo conhecedor de teatro e suas carpintarias e da imagética. Eu havia ficado impressionada quando da montagem dos textos de Dario Fo, ‘Um orgasmo adulto escapa do zoológio’ em 1983, com Antonio Abujamra, ele não acrescentou um cenário, mas praticamente ‘retirou cenário’ optando por apenas um fundo infinito branco que valorizava minha gestualização e a deixava como o ponto fundamental da encenação. Qualquer outro entendimento teria dado um rumo completamente diferente à peça que foi muito bem recebida por público nacional, sul americano, europeu e norte americano, em uma carreira de 7 anos, em 3 idiomas.

 

Aline Santini, iluminadora, já havia sido um encontro extremamente produtivo em minhas duas últimas peças: ‘Carta ao Pai’ e ‘Vendo Gritos e Palavras’. Ela é uma iluminadora que tem projeto de luz individual, que se debruça nos trabalhos inteiramente, investiga, propõe, escuta.

 

O Sesc com Danilo Santos de Miranda sempre pessoalmente envolvido tornando possível a evolução da nossa sociedade. Este espetáculo estreia no 27ª Festival de Curitiba nos dias 05 e 06 de abril de 2018.

 

O trabalho desta peça carrega o desejo de encenar uma posição política nos ecos de Karl Valentin, Brecht, neste momento específico de nosso país onde a lucidez provocada por Bernhard demonstra que sem extinção não se atinge uma nova etapa civilizatória que nos redima da mediocridade existencial, política, emocional atualmente instalada.

 

Ficha técnica:

Espetáculo solo livremente inspirado em “Extinção” de Thomas Bernhard 

 

Direção: Denise Stoklos, Francisco Medeiros e Marcio Aurelio

Dramaturgista: Ricardo Goldenberg

Concepção teatral, textos adaptados, coreografia, sonoplastia e interpretação solo: Denise Stoklos

Cenografia: J.C. Serroni

Iluminação: Aline Santini

Figurino: UMA/Raquel Davidovich

Vídeo: Leandro N Lima

Cabelo: Eron Araujo

Fotografias: Leekyung Kim

Sonoplasta: Aragonesco

Assistente Pessoal de Denise Stoklos: Wallace Dutra 

Assistente de cenografia: Natália Miyashiro

Assistente de iluminação: Nicolas Caratori

Assistente de direção: Lua Santosouza 

Assistente de produção: Renata Bruel

Execução da cenografia: Anísio Serafim, Camila Negro, Débora Serroni, Duda Viana, Ingrid Oliveira, Karen Furbino, Morganna Farat, Natália Miyashiro, Priscila Soares, Taís Santiago e Vitória Rizzo

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Direção de produção: Luís Henrique Daltrozo (Luque) 

Produção: Daltrozo Produções Realização: SESC SP

 

Serviço:

Teatro Anchieta - Rua Doutor Vila Nova, 245 – telefone:3234-3000

Temporada: 13 de abril a 20 de maio. Sexta e sábado, 21h. Domingos, 18h. Lotação: 280 lugares Classificação indicativa: 16 anos

Duração: 75 minutos Preços: R$ 40. R$ 20 (meia). R$ 12 (comerciários). Sesc Consolação 

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