Colunistas - Bem Estar e Saúde

7 milhões de brasileiras sofrem de endometriose

10 de Maio de 2017
 

A doença que assusta as mulheres pode ser tratada ainda na adolescência e evitar a infertilidade

Conhecida como a doença da mulher moderna, e uma das principais causas da infertilidade feminina, a endometriose acomete cerca de 7 milhões de brasileiras em idade reprodutiva (15-49 anos). Desse total, de 30% a 50% dessas mulheres correm sérios riscos de perder a capacidade reprodutiva por causa dessa doença que não tem cura, mas tem tratamento. O diagnóstico precoce é fundamental, e ainda hoje, é a melhor alternativa de prevenção.

“A endometriose é uma doença inflamatória que ocorre quando o tecido que reveste o útero (endométrio) se expande para fora dele chegando a lugares onde não deveria crescer. Como, por exemplo, nos ovários e na cavidade abdominal. Esse distúrbio pode surgir a partir da primeira menstruação, e por isso, recomenda-se atenção também às adolescentes”, alerta a ginecologista e obstetra, Dra. Maria Cecília Erthal, diretora da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana Assistida e diretora-médica do Vida – Centro de Fertilidade, uma das mais importantes clínicas de fertilização do País.

Ainda não se conhece exatamente o que causa a endometriose, mas já se sabe que fatores imunológicos, genéticos e hormonais estão associados ao surgimento da doença. Quase metade das mulheres diagnosticadas levam cerca de cinco anos até chegar ao diagnóstico definitivo. Os sintomas mais comuns são dores pélvicas muito intensas, menstruações de fluxo intenso e alterações no hábito intestinal (diarreia ou obstipação) e urinário.

“A partir do diagnóstico precoce, elas têm opções de tratamento que minimizam os impactos no bem-estar diário e possibilitam a programação de uma futura gravidez com tranquilidade. Em caso de diagnóstico tardio, as trompas, que são responsáveis por conduzir o óvulo ao útero, podem ser comprometidas. Além disso, há alteração nos hormônios e no sistema imunológico dificultando uma gravidez”, afirma o ginecologista e obstetra Paulo Gallo de Sá, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana e também diretor-médico do Vida – Centro de Fertilidade.

Para o especialista, mulheres que estão tentando engravidar há mais de um ano sem sucesso, e que tenham sintomas como os descritos, podem ter endometriose. Por isso,  devem procurar um especialista o mais rápido possível para pesquisar a causa da demora e a possível infertilidade. “A endometriose pode levar a infertilidade por causar alteração nas trompas (obstrução), disfunção na ovulação, piora na qualidade dos óvulos e presença de agentes inflamatórios que dificultam implantação do embrião no endométrio ou que danificam  os espermatozoides, entre outras complicações”, explica o Dr. Paulo.

Exames, como ultrassom, ressonância ou ecocolonoscopia ajudam a comprovar o diagnóstico. O tratamento  da endometriose pode ser cirúrgico (vídeo-laparoscopia) ou por meio de medicações. O uso de pílulas contraceptivas orais podem reduzir a cólica menstrual e a dor pélvica.  Existem casos nos quais a indicação de fertilização in vitro é a melhor opção para que a gravidez aconteça o mais rápido possível. Já é comprovada uma melhora significativa da doença em pacientes que engravidam e mantêm aleitamento materno prolongado.

Nos  casos em que a cirurgia se faz necessária, o congelamento de óvulos ou de embriões podem ser feitos antes da cirurgia com o objetivo de preservar a fertilidade. “Assim como a maioria das questões relacionadas à saúde da mulher, a melhor forma de prevenir o agravamento da endometriose é com a conscientização para que se chegue ao diagnóstico precoce. Embora ainda não exista a cura da doença, o tratamento disponível possibilita uma rotina com qualidade de vida, bem-estar e planejamento familiar para a realização da maternidade”, conclui a Dra. Maria Cecília. 

Comentários
Assista ao vídeo