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Viciados em redes sociais têm mais chances de desenvolver depressão

3 de Maio de 2017
 

Passar muitas horas nas redes sociais pode ser um forte indicativo de depressão e, em alguns casos, agrava o quadro da doença em pacientes diagnosticados. “As pessoas publicam apenas as coisas boas de suas vidas, como viagens, idas a bons restaurantes e momentos de festa com os amigos. Isso gera sentimentos de frustração, insegurança e pode desencadear depressão em quem acompanha a vida dos outros nas redes sociais, uma vez que a pessoa passa a acreditar que a sua vida é menos interessante que a dos outros”, explica a psicóloga do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Ana Luíza Martins.

Segundo estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que entrevistou 1.787 adultos com idades entre 19 e 32 anos, os “heavy users” (usuários que passam grande parte do tempo na Internet) têm quase três vezes mais chance de sofrer de depressão do que aqueles que conferem suas redes sociais com menos frequência.

Considerada uma doença silenciosa, a depressão é, muitas vezes, ignorada pela falta de conhecimento. Mas, segundo Ana Luíza Martins, familiares e amigos próximos podem observar sinais de que algo errado está acontecendo. “É importante ficarmos atentos às pessoas que estão ao nosso redor. Mudanças em hábitos, como comer, beber ou dormir, oscilações de humor como mais tristeza e/ou mais irritabilidade, forçar um semblante feliz, falar de maneira mais filosófica do que o normal, sentir as coisas de forma mais intensa e ter um ponto de vista menos otimista são alguns sintomas”, explica.

Segundo a OMS, a doença afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina, afetando 11,5 milhões de brasileiros (5,8% de sua população). Também somos recordista mundial em prevalência de transtornos de ansiedade: são 18,6 milhões de pessoas, representando 9,3% da população.

Fatores sociais e políticos, como a crise econômica e o crescimento da taxa de desemprego, influenciam diretamente o comportamento das pessoas, causando aumento da ansiedade e da depressão. “Fazemos parte de uma sociedade feita de competitividade, de estresse e de consumismo, o que deprime ainda mais as pessoas”, explica a psicóloga.

Conversar sobre a depressão também é o melhor caminho para a prevenção e tratamento da doença. “É uma maneira de acabarmos com o estigma de que a pessoa que sofre deste mal é ‘preguiçosa’, ‘incompetente’ ou está com ‘frescura’. Com o devido conhecimento, passamos a validar o sofrimento deste indivíduo e, então, podemos ajudá-lo a buscar um tratamento adequado”, afirma a especialista.

De acordo com Ana Luíza Martins, pequenas ações diárias podem ser consideradas pílulas para a prevenção do mal do século. “É importante que cada um viva sua própria vida, faça aquilo que gosta ao invés de fazer as coisas apenas para agradar aos outros. Também não se comparar aos demais, pois as pessoas são únicas e vivem histórias diferentes”, afirma a especialista. “Redes sociais são importantes no mundo moderno, mas estar rodeado de pessoas que se ama, separar um tempo para si mesmo, praticar exercícios e fazer atividades prazerosas trazem muito mais benefícios”, finaliza.

 
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