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Especialistas falam sobre transplante que fez uma mulher na menopausa ter um filho

27 de Dezembro de 2016
 

 

O procedimento é inédito porque os médicos aproveitaram o próprio ovário da mulher que foi congelado
quando ela ainda era uma criança

O parto foi essa semana num Hospital em Londres. A mulher se chama Moaza Al Matrooshi e tem 24 anos. Aos 9, ela se submeteu a um tratamento de câncer no sangue e, para manter as chances de gravidez futura, os médicos, na época, decidiram congelar um dos ovários da menina. 15 anos depois, a decisão se mostrou acertada e ela se tornou a primeira mulher do mundo a ter a fertilidade restaurada depois de um congelamento de ovário antes do início da puberdade. O transplante de tecido ovariano já era uma opção de tratamento para mulheres mais velhas, há relatos que apontam o nascimento de em torno de 100 crianças no mundo, no entanto, os médicos não tinham certeza se era possível pegar o ovário de uma criança e congelá-lo para que ele pudesse voltar a funcionar.  

 "O procedimento de congelamento de tecido ovariano ainda é considerado um tratamento experimental e não é realizado na maioria dos centros de reprodução. A perspectiva é que com o estabelecimento de protocolos bem elaborados, com incremento da técnica, os casos de sucesso vão aumentar e a tendência  que essa técnica seja incorporada ao arsenal de opções para preservação de fertilidade em pacientes com câncer", afirma a Dra. Maria Cecília Erthal, especialista em Reprodução Humana Assistida e Diretora-Médica, do Vida - Centro de Fertilidade, no Rio de Janeiro.

 O Dr. Paullo Gallo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana Assistida e também diretor-médico do Vida - Centro de Fertilidade,  destaca uma outra vantagem para aplicação da técnica do congelamento de tecido ovariano.

 “Temos que destacar que com o reimplante deste tecido, a mulher voltar a ovular (em algumas situações) e volta a produzir os hormônios ovarianos, possibilitando seu uso para as mulheres menopausadas, no lugar da reposição hormonal”.

 O desenvolvimento das tecnologias para diagnóstico e tratamento do câncer têm permitido que um grande número de mulheres realizem o sonho da maternidade. Entretanto, a maioria dos tratamentos tem um alto grau de agressividade. Radioterapia, quimioterapia e algumas cirurgias mais invasivas, como no caso do tratamento feito por Moaza Al Matrooshi, ainda na infância, podem destruir o potencial reprodutivo das pacientes. A Dra. Maria Cecília Erthal lembra que, atualmente, uma das técnicas de preservação de fertilidade mais comuns tem sido o congelamento de óvulos.

“Os óvulos retirados da mulher ficam armazenados para que ela possa, após o tratamento contra o câncer, se submeter a fertilização in vitro e realizar o sonho da gravidez, dando continuidade às suas famílias e às suas vidas”, afirma.

O Dr. Paulo Gallo  alerta que as mulheres que vão se submeter a tratamento do câncer e querem manter o planejamento da vida familiar futura devem buscar a avaliação de um especialista em reprodução humana.

 "Os oncologistas têm tido a consciência de orientar os pacientes a procurar ajuda no intuito de preservar sua fertilidade antes de iniciar o tratamento para o câncer", afirma.

 Além do congelamento de óvulos uma outra técnica realizada aqui no Brasil é o congelamento de embriões.  

 "Esse procedimento é indicado para mulheres já casadas. Os embriões podem ser descongelados e transferidos para o útero da mulher após o tratamento do câncer quando o casal estiver preparado", conclui. 

 
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