Colunistas - Rodolfo Bonventti

Dona Xepa, a feirante pobre e lutadora que dominava o horário das 18h na Globo

7 de Dezembro de 2016

 

Foi em maio de 1977 que a adaptação de Gilberto Braga da peça de Pedro Bloch, “Dona Xepa”, estreou na tela da TV Globo, conquistando principalmente o público feminino com o cotidiano de uma pobre, mas lutadora feirante, que fazia de tudo para educar um casal de filhos.

 

O papel de Dona Xepa coube a veterana Yara Côrtes que já havia brilhado anteriormente em “O Grito” e como a Carolina Galvão de “O Casarão”. E a atriz deu um show de interpretação criando uma mulher abandonada pelo marido e quase sem instrução, que não media esforços para que os filhos estudassem e se tornassem pessoas importantes na sociedade, embora isso tudo depois iria lhe custar a vergonha dos filhos pela maneira como a mãe falava e se comportava.

 

As agruras de Dona Xepa e de seus filhos, o esforçado e inteligente Edson, um bom trabalho de Reynaldo Gonzaga, e a ambiciosa Rosália, outra bela interpretação de Nívea Maria no horário das seis da tarde, conquistaram os públicos paulista e o carioca, registrando índices altos de audiência para o horário e repetindo o sucesso que “Escrava Isaura” havia obtido.

 

O bom texto de Gilberto Braga e a segura direção de Herval Rossano valorizaram a produção da TV Globo, simples se comparada aos padrões de outras novelas da emissora, e que teve 132 capítulos, cedendo o espaço com alta audiência para mais uma novela de época.

 

Com “Dona Xepa”, Gilberto Braga que também já adaptara “Escava Isaura” e “Senhora” com muito sucesso, se qualificou para escrever novelas para a emissora em horários mais nobres, e acabou se transformando em um dos principais novelistas da emissora.

 

Além de Yara Côrtes, Reynaldo Gonzaga e Nívea Maria, se transformaram em destaques também da novela os trabalhos de Edwin Luisi, Cláudio Cavalcanti, Ísis Koschdoski, Ana Lúcia Torre, Rubens de Dalco, Dionisio Azevedo, Zeny Pereira, Ida Gomes, Ênio Santos, Ângela Leal, Fregolente, Antonio Patiño e Patrícia Bueno.

 

Dona Xepa alcançou excelentes índices de audiência no Rio de Janeiro e em São Paulo, conquistando a melhor média das novelas exibidas nesse horário até então. O sucesso da trama fez com que o autor Gilberto Braga – que já havia assinado Escrava Isaura (1976), outro grande sucesso das 18h – fosse convidado para escrever uma novela no horário das 20h. No ano seguinte, estreou Dancin’Days. Em 1990, os autores Ana Maria Moretzsohn, Ricardo Linhares e Maria Carmem Barbosa inspiraram-se na peça Dona Xepa e na própria trama de Gilberto Braga para escrever a novela Lua Cheia de AmorGilberto Braga chegou a participar da elaboração do argumento para a nova versão, na qual a feirante Xepa foi substituída pela camelô Genu, interpretada por Marília Pêra. Dona Xepa foi vendida para cerca de dez países, entre eles Chile, Canadá e Suíça. A novela obteve grande audiência em Portugal e, em janeiro de 1980, recebeu o Grande Prêmio Teleguia de Ouro, concedido pela crítica mexicana.


 

Foto 1 - Cartaz da novela de Gilberto Braga para a TV Globo na década de 70

Foto 2 - A veterana e premiada Yara Cortes viveu o papel centra da novela global

Foto 3 - Reynaldo Gonzaga e Yara Cortes viviam filho e mãe respectivamente em Dona Xepa

Foto 4 - Yara Cortes e Nívea Maria em uma cena da novela que levantou altos índices de audiencia

Foto 5 - Edwin Luisi e Nivea Maria formavam um dos pares iniciais em Dona Xepa de 1977

Foto 6 -Cláudio Cavalcanti e Ida Gomes tambpem estavam no elenco de Dona Xepa

Foto 7 - Ísis Koschodski e Nívea Maria em cena da adaptação da peça de Pedro Bloch para a TV

Foto 8 - Rubens de Falco e Nívea Maria formaram um casal pela primeira vez nas novelas
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