Colunistas - Bem Estar e Saúde

Estudo pioneiro desmistifica efeitos de anti-inflamatórios para o coração

18 de Novembro de 2016
 

Publicada no New England, pesquisa aponta que Celebra apresenta o mesmo perfil de segurança cardiovascular que ibuprofeno e naproxeno; questionamento existia desde a retirada de Vioxx do mercado

 

A revista científica New England Journal of Medicine acaba de publicar o primeiro grande estudo sobre a relação entre o uso contínuo de anti-inflamatórios não-esteroides e a saúde cardiovascular de pacientes crônicos.  O trabalho, que acaba de ser apresentado na reunião anual da American Heart Association, comparou os dados de utilização de Celebra (celecoxib) – anti-inflamatório comercializado no Brasil mediante retenção de receita médica –, ibuprofeno e naproxeno em 24 mil pacientes em tratamento para osteoartrite e artrite reumatoide, ambas doenças reumáticas. Iniciada em 2006, a pesquisa é a mais longa sobre esse tipo de medicamento desenvolvida até o momento.

Realizado pela Cleveland Clinic, com apoio da Pfizer, o estudo Precision (Prospective Randomized Evaluation of Celecoxib Integrated Safety versus Ibuprofen Or Naproxen)¹ refuta o pressuposto de que o tratamento com naproxeno apresentaria resultados melhores na comparação com os outros dois anti-inflamatórios analisados e aponta que os riscos cardiovasculares entre os usuários das três medicações são similares, embora ligeiramente menores naqueles medicados com Celebra.

Randomizado e duplo-cego, o estudo envolveu pacientes de 13 países, entre eles o Brasil, que foram acompanhados por 18 meses. Todos os participantes do estudo apresentavam alto risco de doença cardiovascular e utilizavam anti-inflamatórios todos os dias para controlar os sintomas de artrite reumatoide ou osteoartrite. Os resultados apontaram que apenas 2,3% dos usuários de Celebra apresentaram eventos cardiovasculares, ante 2,5% dos que receberam naproxeno e 2,7% dos medicados com ibuprofeno.

O trabalho apontou ainda que pacientes tratados com Celebra apresentaram menos eventos gastrointestinais graves. Esses efeitos afetaram 1,1% dos participantes que utilizaram o medicamento, ante 1,5% daqueles que receberam naproxeno e 1,6% dos pacientes medicados com ibuprofeno. A redução dos efeitos colaterais é essencial para o tratamento de doenças crônicas à base anti-inflamatórios não-esteroides, que representam um recurso importante para

reduzir a dor e a inflamação. “Trata-se de um estudo emblemático, pois os questionamentos sobre a segurança cardiovascular dos anti-inflamatórios não-esteroides vêm sendo feitos desde a retirada do mercado de Vioxx (refocoxibe), em 2004”, disse Ian Read, CEO da Pfizer.

Precision foi dirigido por um comitê executivo formado por médicos especialistas em cardiologia, gastroenterologia e reumatologia. O trabalho envolveu mais de mil centros de estudos, 30 deles no Brasil. Os outros países que participaram do estudo foram Estados Unidos, Austrália, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Filipinas, Hong Kong, México, Panamá, Peru, Taiwan e Ucrânia.

Osteoartrite e artrite reumatoide

Artrite reumatoide e osteoartrite estão entre as principais doenças reumáticas, um grupo de enfermidades que provocam inflamação nas articulações e podem levar à incapacidade com o passar dos anos.  

A oesteoartrite se caracteriza pela degeneração da cartilagem que protege as extremidades dos ossos, provocando dor, inchaço e a diminuição da flexibilidade articular. Em geral, atinge os joelhos, os quadris, a região lombar, o pescoço e as pequenas articulações dos dedos. Cerca de 80% dos pacientes com oesteoartrite têm mobilidade limitada e 25% apresentam incapacidade para realizar atividades diárias. A doença afeta 9,6% dos homens e 18% das mulheres com mais de 60 anos em todo o mundo2.

A artrite reumatoide é uma doença autoimune, crônica e progressiva, que afeta as articulações e provoca rigidez matinal, deformidades, desgaste ósseo e uma série de incapacidades. Com o passar dos anos, a enfermidade pode acometer vários órgãos, incluindo os sistemas cardiovascular e respiratório. A doença afeta cerca de três mulheres para cada homem2.

Comentários
Assista ao vídeo