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Lavagem seminal permite que homem com vírus HIV não contamine mulher e filhos

18 de Novembro de 2016
 

Técnica da reprodução assistida é aplicável a outras doenças virais e separa espermatozoides infectados, possibilitando tratamentos seguros

 

Uma tecnologia da Medicina Reprodutiva permite que doenças virais, como o HIV (AIDS) e as Hepatites B e C, não sejam transmitidas aos filhos ou ao parceiro não infectado. A técnica, chamada lavagem seminal, centrifuga e filtra o sêmen, isolando os espermatozoides não contaminados do restante do líquido seminal. A técnica possibilita que os espermatozoides sadios sejam utilizados em procedimentos de reprodução assistida, sem risco de contaminação.

“A técnica é utilizada há 15 anos e possibilita a gravidez sem que existam riscos de contaminação aos envolvidos sem o vírus, a mulher ou ao futuro bebê”, explica o Dr. Paulo Serafini, especialista em reprodução humana e sócio-diretor do Grupo Huntington. “Apesar do procedimento não ser recente, poucos sabem de sua existência e até se surpreendem com a possibilidade. É uma oportunidade aos casais que têm o sonho de construir uma família saudável”.

Como é feita a lavagem seminal?

  1. O monitoramento da infecção do HIV é realizado. O esperma do paciente, que é coletado e submetido a processos de centrifugação e lavagem, é analisado;
  2. Ocorre a separação do plasma seminal, que contém o vírus dos espermatozoides;
  3. Uma amostra é enviada para analise da quantidade de vírus presente, garantindo a não contaminação da parceira nos casos de inseminação intrauterina ou FIV. A outra parte é congelada e mantida separada;
  4. Caso os testes apontem a ausência completa dos vírus, os espermatozoides congelados serão utilizados.

A andrologista Livia Barroso Cremonesi, uma das responsáveis pelo procedimento no Grupo Huntington, explica que o paciente colhe uma amostra seminal no dia do tratamento, assim que é liberado pelo infectologista. “Se a qualidade dessa amostra for boa, aplicamos um procedimento chamado Swim-Up, logo depois da centrifugação, para garantir ainda mais a não contaminação”.

O Dr. Paulo justifica a realização destes exames, que “são importantes para avaliar a saúde como um todo. O sucesso no tratamento depende de fatores interligados, como a qualidade e a quantidade de espermatozoides antes e depois do processo de lavagem seminal”.

Mulher infectada dificulta tratamento

Existem algumas possibilidades de tratamento para os casais, que variam de acordo com quem está infectado pelo vírus. No caso de ser a mulher, há possibilidades de tratamento, mas com mais cuidados:

 

Homem infectado e mulher não Ambos infectados
É o quadro mais comum e simples. O procedimento adotado é a lavagem seminal. A separação dos espermatozoides infectados dos sadios permite a reprodução assistida. “É o quadro mais comum. Após chegar à gravidez, não existem contra-indicações, por se tratar de uma mulher sem carga viral”, explica o Dr. Serafini. O estado clínico de saúde da mulher é o principal. Se a carga viral positiva for baixa em ambos e as condições clínicas da mulher forem satisfatórias, há possibilidade de que o vírus não seja transmitido ao bebê e o tratamento é realizado.

 

“Enquanto a quantidade de vírus não for reduzida com os medicamentos disponíveis, as técnicas de reprodução assistida são contraindicadas, pois os indutores de ovulação, que fazem parte do tratamento, podem interferir na função hepática. Também não recomendamos o tratamento quando há alto risco de contaminação por conta da mulher”, analisa o especialista. Quando as condições clínicas são ideais, a inseminação intrauterina e a Fertilização In Vitro são os procedimentos mais indicados.

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