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Catarata atrapalha o sono, diz estudo

29 de Outubro de 2016
 

Pesquisa revela que a cirurgia de catarata melhora a qualidade do sono e auxilia no combate de comorbidades associadas à dificuldade para dormir.

 

A falta de sono conforme envelhecemos não é um mito, é verdade. Um estudo dinamarquês publicado na revista Ophthalmology da AAO (Academia Americana de Oftalmologia) mostra que a cirurgia de catarata melhora a qualidade do sono, além de combater a sonolência diurna que aumenta o risco de acidentes e quedas comuns em quem tem a doença.

O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier em Campinas afirma que a melhora do humor e autoestima é visível em pacientes que já passaram pela cirurgia. Para ele, a pesquisa explica a ascensão dos distúrbios do sono no mundo estimados em 40% pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Isso porque, a maior causa da catarata, doença que torna o cristalino do olho opaco, é o envelhecimento. No Brasil, comenta, 23% das pessoas diagnosticadas com catarata não passaram pela cirurgia, única forma de tratamento, por acreditarem ser desnecessário, segundo a mais recente pesquisa  sobre o assunto, divulgada no ano passado pelo IBGE. O especialista adverte que adiar a cirurgia torna o procedimento menos seguro e aumenta o risco de outros problemas de saúde relacionados à dificuldade para dormir: hipertensão, diabetes, sobrepeso e colesterol alto

Efeitos da luz após a cirurgia

O estudo foi realizado com 73 participantes, sendo 41 mulheres e 35 homens com idade de 50 a 94 anos, todos portadores de catarata senil. Aponta um aumento de até 3 vezes na absorção de luz azul pelas células ganglionares da retina após a cirurgia.

Queiroz Neto, explica que por contraditório que possa parecer a luz azul é responsável por nosso estado de vigília, mas é ela também que melhora a qualidade do sono após a cirurgia de catarata. Isso porque, a substituição do cristalino opaco por uma lente transparente permite às células  ganglionares da retina aumentarem a produção de melanopsina, um pigmento que regula e o nosso "relógio biológico", naturalmente controlado pela exposição à luz.

Perigo dos eletrônicos

O oftalmologista adverte que este relógio biológico pode sofrer um pane nos viciados em redes sociais que permanecem conectados durante a noite.  Isso porque, a melatonina, hormônio indutor do sono só é produzida em ambientes escuros e as telas dos eletrônicos continuam emitindo a luz azul  predominante durante o dia. 

As dicas de Queiroz Neto para sincronizar o relógio biológico são:

·         Escurecer ao máximo o quarto antes de dormir para estimular a produção de melatonina que reduz o cortisol e adrenalina.

·         Evitar computadores e outros dispositivos eletrônicos no horário de dormir.

·         Incluir na alimentação laticínios, nozes, gergelim e tofu que contém triptofano, precursor da melatonina. 

·         Praticar exercícios físicos diariamente.

·         Evitar alimentos ricos em cafeína que elevam o stress e alimentos gordurosos, especialmente à noite.

·         Usar óculos, monitor com filtro ou baixar o aplicativo f.lux que elimina a luz azul das telas.

 

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