Colunistas - André Garcia

Parte II- A Demagogia, a Hipocrisia, a Manipulação de Informação em torno das Ciclofaixas

27 de Outubro de 2016
Exemplo de ciclovia na cidade de Itajaí/SC. Longe da via onde circula veículos à motor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No texto anterior tratei da questão da velocidade na cidade de São Paulo, que na minha opinião teve muito mais como objetivo: arrecadação de multas do que salvar vidas, que apesar da falta de maiores informações no tal estudo da Prefeitura de São Paulo, ontem, participando da Audiência Pública na Câmara Municipal de São Paulo fui convencido na explanação do engenheiro Horário Augusto Figueira de que a via expressa deva ficar nos 70km/h dado sua arquitetura que envolve inclinação da pista, dentre outros dados que vou tratar um outro dia.

Ciclofaixa pintada sobre Faixa de Pedestres: Planejamento? 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E como ficamos em relação a Ciclofaixa e Ciclovias?

Necessário primeiro conceituar, nos termos do Anexo I, do Código de Trânsito Brasileiro.

Ciclofaixa: parte da pista de rolamento destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica.

Ciclofaixa pintada em cruzamento sobre Faixa de Canalização de Fluxo: Planejamento???? 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ciclovia: pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum.

Ciclo: veículo de pelos menos duas rodas a propulsão humana.

Antes de mais nada, necessário deixar bem claro, que não sou contra bicicleta, muito pelo contrário, ando de bicicleta, todavia, meu conhecimento em Segurança Viária não permite que eu consiga usar ciclofaixa ou tão pouco utilizar bicicleta em via pública dividindo espaço com veículo a motor ou, tão somente, sinalizada, ao menos aqui no Brasil.

Se em Milão é possível conhecer a cidade de bike, em São Paulo não consigo por segurança

Bicicleta em via pública, só fora do Brasil, como em Milão em 2011, a cultura e o respeito é bem diferente daqui.

Aliás, em país que se respeita bicicleta, se respeita motocicleta e principalmente o pedestre.

Todo incentivo que vimos nos últimos anos pelo uso da bicicleta como meio de locomoção na cidade de São Paulo, não é por acaso, não é porque fazia parte do caráter do governante local, mas, por recomendação da Lei de Mobilidade Urbana – 12.587/2012, também denominada Política Nacional de Mobilidade Urbana.

Por que afirmo isso?

Porque o prefeito que não instituir uma Política de Mobilidade Urbana segundo a nova redação do § 4º, do artigo 24, da mencionada lei, em sete anos, antes estipulada em 3 anos, não receberá verba orçamentária da União para fins de mobilidade urbana.

Ciclofaixa interrompida por parada de ônibus: PERIGO!

Portanto senhoras e senhores, o Prefeito da cidade de São Paulo (2012-2016) muito longe de visionário, foi inteligente, em termos, é bem verdade, já que se os corredores de ônibus era uma necessidade e continua sendo, por ser responsável em levar mais de 75% da população, o mesmo não se pode afirmar em relação as bicicletas que nos termos da lei, em seu §2º do mesmo artigo 24, seria prioridade nos municípios sem sistema de transporte público ou individual.

Não significa que a gestão municipal não pudesse focar o incentivo da bicicleta, óbvio que sim, todavia, com planejamento e não da maneira leviana e demagógica como o fez, pintando as ruas da cidade sem estudo do impacto no trânsito, sem critério, que teve sim sua resposta nas urnas.  

Tal conduta, feriu a própria lei de mobilidade urbana em seu artigo 15, já que não houve consulta pública, bem como, em seu artigo 24, caput, incisos II e III, já que debilitou a circulação viária de outros modais e a infraestrutura do sistema de mobilidade urbana.

Sem o planejamento adequado, contribuiu para o aumento da animosidade no trânsito, bem como, gerou insegurança para o próprio ciclista. Não faltam exemplos na cidade da criação de áreas de conflito onde o ciclista está totalmente desprotegido e pior gerando confusão do que fazer, mesmo diante da determinação legal de que o maior deve zelar pelo menor, ou seja, a bicicleta ter a preferência.

Exemplo da falta de planejamento: veículos obrigados a trafegar na contramão. No conflito em sentidos opostos: certamente haverá invasão na ciclofaixa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ciclista em risco!!!!

Assim como não acredito na motofaixa (vou tratar do tema no próximo texto), sou contra ciclofaixa com o agravante de que não tem cabimento bicicleta ou pedestre ficar próximo a veículo à motor, separado por simples faixa de sinalização viária, lembrando que da forma como foi feito, esmagando as faixas de rolamento, foi um absurdo, um desrespeito para com todos os usuários da via: motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas.

A solução é ciclovia e exemplos na Europa, no litoral brasileiro, na própria av. Paulista, não faltam, todavia, requer planejamento, aliás, palavra muito lembrada neste texto e na própria lei de mobilidade urbana.

Muito se fala que não existe demanda, todavia, na década de 50, também não havia para automóveis e o Estado criou uma malha viária para incentivar o uso de tal veículo. Não vejo porque, fazer o mesmo, criar uma malha cicloviária para incentivar o modal.

Mais um exemplo da falta de planejamento: área de conflito em curva. Note a tampa do bueiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recursos para viabilizar ciclovia na cidade de São Paulo não faltam, basta, para tanto, aplicar a arrecadação das multas naquilo que verdadeiramente interessa, aliás, é o que determina e permite o artigo 320 do CTB.

Se por um lado abandonaria a ideia da ciclofaixa, por outro, passou da hora do transporte coletivo, especialmente o ônibus ter mecanismos para levar o ciclista sem custo adicional até as ciclovias e a ideia deve ser copiada da LONDON TRANSIT, onde o coletivo tem um suporte na sua dianteira para levar bicicletas, click aqui e veja a matéria e o vídeo.

Um bom exemplo interligando modais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E fica como reflexão: Apesar da Resolução do CONTRAN determinar o vermelho como sinalização de ciclofaixa e ciclovia, é necessário tamanho desperdício como aconteceu na cidade de São Paulo? Veja um bom exemplo de sinalização em João Pessoa/PB

Ciclofaixa sinalizada em João Pessoa/PB sem desperdício de dinheiro público e sem tornar escorregadia, maior segurança

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portanto, se você achou que o prefeito foi visionário, tinha o espírito de ciclista, esqueça, você mais uma vez foi ludibriado pela manipulação de informação, foi tratado como um Homer Simpson. 

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