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Como identificar se seu filho tem dislexia?

5 de Outubro de 2016
 

É no início da fase escolar, principalmente na alfabetização, que começamos a notar se a criança possui algum distúrbio de aprendizado: troca letras, tem dificuldade de compreensão das atividades, não tem o mesmo ritmo que os colegas, entre outros comportamentos que destoam do “normal”. Um destes distúrbios de aprendizado pode ser a dislexia, caracterizada pela dificuldade de leitura e escrita, percebidas na decodificação e interpretação de letras e palavras.

As principais áreas afetadas no cérebro são os lobos temporais, além de algumas estruturas dos lobos frontais e parietais. Não se sabe exatamente como são afetadas. Aparentemente, os circuitos neuronais responsáveis pela integração das diversas fases da leitura (desde o reconhecimento gráfico visual das letras até a transformação destas em uma palavra com um significado e uma fonética) são afetados.

A dislexia atinge cerca de 5-10% da população infantil, e suas causas ainda não são totalmente conhecidas. O que se sabe é que o fator genético é preponderante (genes ligados ao desenvolvimento do cérebro no embrião e na criança). A dislexia é detectada, em geral, no início da alfabetização, na faixa dos 5 a 7 anos.

Se houver dislexia, a partir dos 7 anos, a criança não desenvolve a leitura na mesma velocidade que os outros colegas. A leitura é mais lenta e, ao escrever, costuma trocar letras ou escreve ao contrário, como se fosse a visão de um espelho (‘b’ e ‘d’, ‘p’ e ‘q’). A criança também pode inverter a letra ao escrever (‘s’ em forma de ‘z’, por exemplo). Com os números, não é diferente. Pode haver uma inversão, por exemplo, entre o ‘6’ e o ‘9’.

Vale ressaltar que há vários tipos de dislexia:

- Dislexia Adquirida: é mais recorrente em adultos, e pode ocorrer após algum tipo de traumatismo craniano, derrame cerebral ou doenças neurodegenerativas.

- Dislexia de Desenvolvimento: é a dislexia típica do desenvolvimento da criança, sem uma causa aparente. Contrasta com a dislexia adquirida, que é consequência de alguma doença neurológica.

- Dislexia Fonológica: é a dificuldade de ler palavras desconhecidas.

- Dislexia Superficial: neste tipo de dislexia, as palavras que são lidas da mesma forma que são escritas, como ‘bala’, não geram dificuldade, ao contrário das palavras cuja escrita não coincide com a pronúncia, dificultando a leitura (por exemplo, ‘exercício’ – o ‘x’ é pronunciado como um ‘z’).  

- Dislexia Profunda ou Mista: envolve dificuldade tanto no reconhecimento sonoro da palavra quanto na compreensão de seu significado.

O diagnóstico é feito por uma equipe que envolve psiquiatra, fonoaudiólogo e, eventualmente, um neuropsicólogo. No entanto, quem realiza o tratamento é um fonoaudiólogo. Além do apoio emocional, os pais podem ajudar os filhos no treino de leitura (ler alto ou auxiliar na compreensão do que está sendo lido) ou em qualquer atividade lúdica que envolva o reconhecimento das letras, das palavras, dos seus sons e de seus significados.

 

 

Por Prof. Dr. Mario Louzã, médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)

 
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