Colaboradores - Mauro e Tati

Ciao ragazzi!

1 de Julho de 2016

Como já tínhamos falado, escolhemos a Itália pra morar por eu ter direito, por descendência direta (iuri sanguinis), a cidadania Italiana. Estar legal/regular sempre foi uma das nossas maiores preocupações então este fato foi o decisor.

Sim, tem muita gente que arrisca e até dá certo mas, acredite, a cidadania facilita e muito a vida por aqui! Com ela você pode ter conta em banco, usar o sistema de saúde, educação, ter os mesmos benefícios, direitos e deveres dos cidadãos locais. Pode fazer financiamentos, circular, morar e/ou trabalhar livremente pela União Europeia, além de ter algumas vantagens para conseguir vistos em outros países.

Tá, mas vamos ao que interessa, como fazer para obter a cidadania Italiana?

A primeira coisa que você precisa saber é que dá para fazer o processo sem ter que contratar advogados/despachantes. Mas pra isso é importante que você tenha tempo e muita, mas muita, paciência.

No Brasil e aqui na Italia existem escritórios especializados, mas eles costumam cobrar uma nota e nem sempre com resultados satisfatórios (tem gente boa, mas também tem muito sacana neste mercado). Isso sem contar que o valor do serviço, geralmente, não inclui os custos com os documentos – certidões originais, ajustes quando necessários, traduções, legalização e etc.

Na internet existem muitas informações sobre o passo a passo, eu usei (e ainda uso como guia) a cartilha do blog Minha Saga. Ele tem informações valiosíssimas postas de forma simples e clara, além disso tem várias matérias e dicas sobre a vida na Italia.

O site do consulado italiano em São Paulo, também tem todas as informações, apesar de ser mais complicado é essencial que se faça uma atenta leitura dele.

Mas antes de sair correndo atrás dos documentos o primeiro ponto é, verificar se, de fato, você tem direito a cidadania por descendência.

Pra isso eu usei o aplicativo de um escritório de advocacia, aqui. Basta entrar e seguir as orientações, a consulta é gratuita.

Neste link descobri que tenho direito pois sou bisneto de italiano que não se naturalizou brasileiro e por minha mãe ter nascido após 1 janeiro de 1948. Aqui vai um aviso importante, caso seu antepassado tenha se naturalizado, você terá necessariamente que contratar um advogado, pois nesta situação o trâmite é jurídico. Isso é possível descobrir no link que falei acima. 

Bom está é a primeira parte, digamos, técnica. Agora vou contar um pouquinho da minha novela para conseguir juntar todos os documentos, afinal se você quiser fazer seu processo é provável que passe por situações parecidas.

Como a história é um pouco longa, vou dividir o post em duas partes, até porque meu processo continua em andamento e ainda tem coisa pra acontecer.

Num tempo meio distante, em 1994 (antes das facilidades da internet, Google e afins), minha família contratou um escritório especializado em cidadania para fazer o processo. A tentativa não teve sucesso pois os advogados não conseguiram achar todos os documentos e acabamos desistindo.

Ano passado, depois das férias aqui na Italia, resolvi que iria encontrar os tais documentos faltantes e enfim fazer a cidadania.

Foi um verdadeiro trabalho de investigação ao melhor estilo CSI rs, mas em tempos internet a coisa ficou possível. Não foi fácil e nem rápido, mas valeu porque depois de 8 meses, além de juntar toda documentação acabei conhecendo melhor parte da história da minha família.

Bom, o primeiro nó era descobrir a cidade na qual meu bisavô havia nascido já que o documento primordial da lista era exatamente a certidão de nascimento italiana dele.

Recorri a minha tia-avó, Dona Zina, a única descendente direta dos italianos da família que ainda está viva. Apesar de não lembrar todos os detalhes ela me deu diretrizes importantes para começar a busca.

Minha mãe com minhas tias Dona Zina e Bilu. Ao lado as fotos antigas, meu bisnonno e bisnonna.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Também bati vários papos com minha mãe, tios e tias perguntando e ouvindo muito sobre as recordações de infância deles. Muitas histórias boas e detalhes importante que acabaram ajudando bastante na saga.

E foi numa destas sessões nostálgicas que achamos, numa caixa esquecida, algumas fotos, documentos velhos e uma preciosidade: o passaporte do meu tataravó, sr. Luigi Stevanin (pai do meu bisavô)!!! Imagine, ele desembarcou no Brasil em 1899 no porto de Santos-SP.

Passaporte do meu Tataravô.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com isso em mãos fui até o Museu da Imigração, eu sabia que aquele prédio era a antiga hospedaria de imigrantes e imaginei que meu tataravô poderia ter ficado por lá. Bingo!

O museu, além de várias informações legais, (já falamos disso num outro post) tem os livros originais com os registros de entrada e as cidades para qual os imigrantes foram encaminhados.

Ferramenta de busca do Museu da imigração, super simples!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim, descobri que a família Stevanin chegou aqui no navio Minas Geraes e de São Paulo seguiu para o interior indo trabalhar numa fazenda em Santa Cruz das Palmeiras, pertinho de Ribeirão Preto.

Liguei no cartório da pequena cidade e descobri que eles viveram ali por muitos anos. Foi lá que meu bisavô cresceu, casou e teve seus filhos, entre eles minha avó, Dona Paschoalina.

Eu já havia achado alguns documentos mas ainda faltava o mais importante, descobrir local de nascimento do biso.

Minhas tias diziam que eles haviam nascido na região de Padova, essa informação dava uma direção mas era muito vaga pois uma província na Italia é como um estado no Brasil e os registros não são centralizados, eles ficam no comune (prefeitura) de cada cidade, mesmo que seja uma cidadela.

Ah, outro detalhe importante, se você for fazer esta busca, os registros anteriores a 1850 normalmente estão nas paróquias locais, no comune é provável que você só encontre informações posteriores a esta data.

Então voltei ao passaporte do meu tataravô e numa leitura mais atenta vi que lá além das informações dele como cidade de origem, estado civil, ocupação e etc tinha descrito o nome e idade pessoas da família que vieram com ele: esposa e filhos. 

Nesta releitura encontrei também o nome de duas cidades que poderiam ser o local de nascimento do meu bisnonno.

Por sorte, um casal de amigos (Salvatore e Carina) mora na região do Veneto e eles deram uma mãozinha, entraram em contato com o comune destas cidadezinhas e acharam, em Montagnana, a tão esperada certidão do meu biso

Montagnana, a cidade natal do meu bisnonno Sr. Pergentino.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas sabia que mesmo que não tenha amigos aqui na Itália, é possível conseguir toda informação via e-mail através do site do comune. Eles tem tudo organizado na internet e o serviço funciona!

Agora faltava uma última certidão, a de óbito. Eu sabia que o biso Pergentino havia falecido em São Paulo mas ninguém lembrava direito a data e muito menos o cemitério onde ele havia sido sepultado. Como a família sempre viveu na região da Moóca, fomos aos cemitérios que minha mãe achava que ele estava. Ainda bem que logo na segunda visita já acertamos e com isso descobrimos em qual cartório estaria a certidão.

Aí você pode pensar: ufa agora acabou! Nada disso, foi aí que começou a saga!

Após conseguir todos os documentos: certidões inteiro teor de nascimento, casamento e óbito de todos desde o antepassado italiano até você), chega a hora de conferir tudo, verificar grafia dos nomes, datas locais e etc.

Aí vieram as complicações, os nomes do meu bisavô e da minha avó estavam escritos de maneira diferente em cada documento, também haviam datas erradas. Por sorte as correções eram simples e puderam ser feitas direto com o oficial do cartório, mas tem casos que é necessário fazer uma petição judicial.

Apesar de simples isto rendeu algumas idas e vindas aos cartórios pelo interior de São Paulo. Como eu disse é preciso muita paciência, pois é quase uma novela …

A parte de organização dos documentos, a burocracia do consulado italiano e o processo a ser feito na chegada aqui na agência de imigração e comune conto no próximo post, va bene?

Arrivederci

 

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