(19/01/1942 – 07/06/1989)
A eterna musa da bossa nova
A capixaba Nara Lofego Leão, ou simplesmente Nara Leão, era filha de um advogado e de uma professora e irmã de Danuza Leão, jornalista e escritora ainda em plena atividade.
Ela nasceu em Vitória, capital do Espírito Santo, mas veio para o Rio de Janeiro com pouco mais de um ano de idade e por isso se considerava genuinamente carioca.
Teve aulas de violão desde pequena e aos 18 anos de idade se tornou professora de violão de uma academia que pertencia a Roberto Menescal e Carlinhos Lyra, dois expoentes da Bossa Nova, e que ficava em Copacabana.
O título de Musa da Bossa Nova lhe foi dado pelo jornalista Sérgio Porto, e se deve ao fato de o ritmo ter nascido nas reuniões que Nara Leão promovia, em 1957/58 no apartamento dos seus pais, que ficava na Avenida Atlântica, em Copacabana, e onde marcavam presença nomes como Menescal, Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli, entre muitos outros.
Profissionalmente, Nara Leão estreou como cantora em 1963, ao fazer no teatro o espetáculo “Pobre Menina Rica” ao lado de Vinícius de Moraes e Carlinhos Lyra. E o sucesso nacional viria um ano depois quando ela estrelou o polêmico espetáculo “Opinião” ao lado de João do Vale e de Zé Keti, e que foi uma grande crítica ao regime militar implantado no Brasil naquele ano.
Em 1966, ao defender com Chico Buarque de Holanda a canção “A Banda”, no Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, conquistou o público e a crítica de vez e passou a ser considerada uma das maiores cantoras do país. A parceria com Chico lhe renderia outras grandes sucessos como “Com Açúcar e Com Afeto” e “João e Maria”.
Na vida pessoal, Nara Leão namorou o cineasta Ruy Guerra, o compositor Roberto Menescal e o jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli, que a trocou no início dos anos 60 pela cantora Maysa, em uma rumorosa traição que ganhou as páginas dos jornais da época, até se casar com o cineasta Cacá Diegues em julho de 1967.
Nara fez algumas participações no cinema no final da década de 60 e início da década de 70 em “Os Herdeiros” e “Quando o Carnaval Chegar” e também apresentou espetáculos musicais em teatros de Ipanema e Copacabana, mas também nessa época participa de várias manifestações públicas contra a ditadura.
Ameaçada pela censura da época, Nara e Cacá resolvem morar em Paris, capital da França, onde ela passa a se apresentar em pequenos shows pela Europa e fica grávida da filha, Isabel Diegues. Em 1972 ela volta a morar no Rio de Janeiro onde tem o segundo filho, Francisco.
Aos poucos, Nara Leão vai deixando os shows e também grava menos, se dedicando aos filhos e ao curso de Psicologia que resolve fazer na PUC do Rio de Janeiro. A volta aos palcos se dá em 1977, onde lança um novo disco e faz várias apresentações na TV e no rádio. Nesse mesmo ano se separa de Cacá Diegues após quase 10 anos de casados.
Os problemas começam a surgir em 1979, quando fazendo muitos shows pelo país, Nara Leão se sente mal com muitas dores de cabeça e tonturas. Inicialmente o stress e problemas com a válvula mitral do coração foram apontados como os motivos para a saúde frágil da cantora, mas na verdade era o início de um tumor cerebral que a levaria a morte nove anos depois.
Nos anos 80 ela ainda viajaria muito pelo Brasil e faria uma excursão vitoriosa para o Japão divulgando a MPB. Também participou ativamente do Movimento das Diretas Já e interrompeu as atividades em 1987, quando as dores de cabeça se tornam mais fortes e ela começa a ter problemas para lembrar das letras das músicas.
Exames revelam finalmente um tumor maligno no cérebro e de difícil extração e a cantora passa a tomar medicações fortes e contínuas, ao invés de se arriscar numa cirurgia que poderia matá-la. Vem a depressão e apesar de realizar alguns shows com o ex-namorado Roberto Menescal, Nara alterna bons e maus períodos em virtude do tumor e faz seu último show em 1989, no Pará, vindo a falecer em 7 de junho de 1989, na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro.
 |
Foto 1 - Aos 18 anos de idade ela já era professora de violão no Rio
Foto 2 - Ela recebeu o título de Musa da Bossa Nova, dado por Sérgio Porto
Foto 3 - Nara Leão foi uma presença constante nos Festivais de MPB nos anos 60
Foto 4 - Com Chico Buarque, uma parceria e um dueto de grandes sucessos
Foto 5 - A cantora se apresentou e morou na Europa por algum tempo
Foto 6 - Ela e o diretor de cinema Cacá Diegues foram casados por quase 10 anos
Foto 7 - Nara Leão e os filhos Isabel e Francisco no Brasil nos anos 70
