Colunistas - Rodolfo Bonventti

ETERNA MEMÓRIA: FLÁVIO RANGEL

2 de Março de 2016

(06/08/1934– 25/10/1988)

 

Diretor e cenógrafo que revolucionou o teatro

 

Flavio Nogueira Rangel, ou simplesmente Flávio Rangel, nasceu no interior de São Paulo e foi um dos mais importantes e revolucionários homens do teatro brasileiro, principalmente nos anos 60, 70 e 80, porque além de diretor ele trabalhou como cenógrafo, iluminador, sonoplasta e tradutor de muitos espetáculos.

A trajetória de Flávio Rangel no teatro sempre teve a influência de Nelson Rodrigues, já que foi vendo uma montagem de “A Falecida”, uma obra prima de Nelson, que ele se decidiu por fazer teatro o resto da vida, abandonando o curso de Direito.

A primeira grande oportunidade surgiu no Teatro Cultura Artística de São Paulo, onde sempre viveu, na montagem de “Juventude sem Dono” que ele dirigiu, em 1958. Um ano depois, Rangel começou a marcar seu nome na história do teatro brasileiro ao dirigir “Gimba”, uma peça de Gianfrancesco Guarnieri que viajou para o exterior e chamou a atenção em todos os lugares em que foi encenada.

No início da década de 60 se tornou o primeiro brasileiro a dirigir um espetáculo no Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, até então dominado por diretores italianos e franceses. E a primeira montagem no TBC foi ”O Pagador de Promessas” de Dias Gomes, um grande sucesso na época.

Em sua carreira, tanto no teatro encenado em São Paulo como no Rio de Janeiro, foi responsável por montagens importantes como “Liberdade, Liberdade”; “A Revolução dos Beatos”; “Édipo Rei”; “A Capital Federal” e “Esperando Godot”, entre as muitas peças que dirigiu.

Ele escreveu em parceria com o escritor Millor Fernandes o espetáculo “Liberdade, Liberdade” nos anos 60, além de se especializar também na direção de espetáculos musicais com grandes intérpretes da nossa MPB como Nara Leão, Simone, Sérgio Ricardo e a Velha Guarda da Unidos da Vila Isabel.

Flávio Rangel também escreveu para vários jornais diários e para “O Pasquim”, além de publicar um livro de crônicas chamado “Seria Cômico Se Não Fosse Trágico”.

Dirigiu grandes nomes do teatro nacional como Paulo Autran, Dionisio Azevedo, Raul Cortez, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Gracindo, Sérgio Viotti e Antonio Fagundes, com quem fez um dos seus últimos espetáculos, “Cyrano de Bergerac”.

Foi casado duas vezes e teve um filho com a primeira esposa, Maria Dulce. Seu segundo casamento foi com a atriz Ariclê Perez, que ele teve a oportunidade de também dirigir nos palcos, e nos deixou muito cedo, aos 54 anos de idade, vitimado por um câncer de pulmão, mas deixou um legado importantíssimo de renovação e audácia nos palcos brasileiros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto 1 - Flavio Rangel começou no Teatro Cultura Artística de São Paulo

Foto  2 - Flavio com Bibi Ferreira e Paulo Autran nos ensaios de "O Homem de La Mancha"

Foto 3 - Ele foi tema de uma biografia escrita por José Rubens Siqueira

Foto 4 - Ele escreveu com Millor Fernandes a peça "Liberdade, Liberdade"

Foto 5 -  Simone foi uma das várias cantoras que Flavio dirigiu nos anos 70 e 80

Foto 6 - Flavio Rangel entre a esposa, a atriz Aricle Perez, e Bibi Ferreira
 

 

 

 

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