Colunistas - Rodolfo Bonventti

ETERNA MEMÓRIA, JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE

20 de Fevereiro de 2016

(25/05/1932– 10/09/1988)

 

Um dos grandes nomes do Cinema Novo

 

O carioca Joaquim Pedro Melo Franco de Andrade se interessou em fazer cinema quando cursava física na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro.

Passou a integrar o cineclube da faculdade e lá mesmo realizou os primeiros curtas metragens em 16 milímetros. Entre eles, "O Mendigo" (1953), com Joaquim Pedro na direção.

Em 1958, Joaquim foi assistente de direção dos irmãos Renato e Geraldo Santos Pereira em "Rebelião em Vila Rica" e, a partir daí, decidiu que o seu mundo era o cinema.

No ano seguinte ele dirigiu os curtas "O Mestre de Apicucos" e "O Poeta do Castelo", o primeiro sobre Gilberto Freyre e o segundo sobre seu padrinho de crisma, o poeta Manuel Bandeira.

Em 1960 ele começou a rodar o documentário “Couro de Gato” e recebeu o convite para freqüentar o Institut des Hautes Études Cinématographiques, em Paris. Lá mesmo ele finalizou a fita, que dois anos depois seria um dos episódios do filme “Cinco Vezes Favela".

Joaquim Pedro também estudou em Londres na Slade School of Art e fez um estágio em Nova York com os irmãos Albert e David Maysles.

Ao retornar ao Brasil ele foi convidado pelo produtor Luiz Carlos Barreto para dirigir "Garrincha, Alegria do Povo", até hoje considerado um marco entre os documentários brasileiros.

O primeiro longa foi baseado em um poema de Carlos Drummond de Andrade, “O Padre e a Moça”, em 1965, estrelado por Paulo José e Helena Ignez. Um grande sucesso na época e definido pelos críticos de cinema como um dos melhores filmes do nosso Cinema Novo.

Ele ainda faria dois documentários: "Cinema Novo" e "Brasília, Contradições de uma Cidade Nova", antes de realizar sua obra prima: o filme “Macunaíma”, adaptação para o cinema da obra de Mário de Andrade e com Grande Otelo, Paulo José, Dina Sfat e Jardel Filho em brilhantes desempenhos.

O sucesso do filme o guindou à elite do cinema nacional. Mas ao mesmo tempo também expôs seus ideais políticos e ele acabou sendo preso por algumas semanas pela Ditadura Militar.

O talento de Joaquim Pedro também se tornou evidente no filme “Os Inconfidentes”, realizado em 1972 e estrelado por José Wilker e na comédia “Guerra Conjugal”, outro sucesso de público e crítica, realizada em 1975 com Lima Duarte, Ítala Nandi, Carlos Gregório e a mulher, a atriz Cristina Aché, no elenco.

Em 1978 dirigiu um dos episódios do longa “Contos Eróticos”, justamente o estrelado por Cláudio Cavalcanti e Cristina Aché e aquele que causou maior polêmica na época de estréia do filme nos cinemas brasileiros.

Seu último filme foi “O Homem do Pau-Brasil”, com Flávio Galvão, Ítala Nandi, Regina Duarte e Carlos Gregório, realizado em 1981, baseado na obra de Oswald de Andrade.

Quando morreu, vítima de um câncer no pulmão, aos 56 anos de idade, Joaquim Pedro de Andrade trabalhava com o roteiro para cinema do romance “Casa-Grande e Senzala” de Gilberto Freyre.

Foto 1 - Joaquim Pedro de Andrade começou realizando curtas em 16 mm

Foto 2 - O diretor durante as filmagens de Couro de Gato em 1960

Foto 3 - O Padre e a Moça com Paulo José foi o primeiro sucesso

Foto 4 - O reconhecimento veio com Macunaíma estrelado por Grande Otelo e Dina Sfat

Foto 5 - Os Inconfidentes em 1972 com José Wilker, outro sucesso nas telas

Foto 6 - Lima Duarte e Ítala Nandi em Guerra Conjugal, comédia de 1975

Foto 7 - Joaquim Pedro de Andrade nos deixou aos 56 anos de idade
 

 

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