Colunistas - André Garcia

Avaliação Ducati Scrambler

14 de Fevereiro de 2016

Seja pela máquina, pelo Vintage e ou LifeStyle ela vai para sua garagem

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Texto: André Garcia // Fotos: Renato Frasnelli

Há algum tempo que o ser humano busca mais simplicidade no cotidiano, viver bem sem ostentar, mas sem deixar de lado as coisas boas ou as boas coisas: viagens, alto valor agregado em objetos como relógios, carros, barcos e porque não motos, usufruir com qualidade de vida, eis o temo inglês LifeStyle.

Outro termo muito usual e que estava adormecido até o lançamento da Ducati Scrambler é Vintag: algo clássico, antigo, mas de excelente qualidade, um estilo de vida que remete aos anos 20, 30, 40, 50 e 60 que se aplica em vestuários, calçados, peças decorativas, automóveis e claro...motocicleta!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portanto meu caro leitor ou leitora, se você se identifica com LifeStyle ou Vintage ou com ambos, certamente, você terá esta italiana na sua garagem.

 

Scrambler, que significa “embaralhar”, ou seja, permite múltiplas possibilidades de customização e basta acessar as redes sociais para notar que customizar virou febre e apesar da crise, o mercado de customização está crescendo e os fabricantes de olho nisso, lançam modelos que permitem das simples às radicas mudanças. Há quem diga que seu significado, também, seja “misturador”, termos dos anos 50/60, remetendo ao uso em asfalto ou em trechos ruins de terra ou terreno bem acidentado.

 

Na minha Scrambler Icon, sinceramente, não mudaria, absolutamente, nada!

 

Olhando atentamente você nota a qualidade no acabamento, o cuidado em cada detalhe, começando pelo belo tanque de aço em formato de gota com painéis laterais em alumínio, na tampa do tanque de combustível os dizeres “born in 1962” (nascido em 1962), protetor térmico em alumínio, protetores da correia em alumínio usinados, braços oscilantes traseiros em alumínio, quadro em treliça e uma faixa de alumínio sob o banco, rodas com 10 raios em liga leve de 18 polegadas na dianteira e 17 na traseira na cor negra, farol redondo com anel em LED, lanterna traseira, que parece escondida sob o banco, também em LED e com uma excelente luminosidade, painel simples e bonito com todas as informações, ponteira de escape curta, e o amarelo 62, como denomina a Ducati, com o assento preto de muito bom gosto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando você se senta, logo percebe que um cara com 1,65 de estatura, como este que vos escreve, consegue colocar os dois pés no chão ao mesmo tempo, algo raro, o guidão é alto e largo quase que como uma Trail, o banco é largo e confortável, os punhos são ergonômicos os botões de acionamento estão todos nos seus devidos lugares e de bom tato.

 

Ao ligar a Scrambler seu L2 refrigerado ar, herdado da Monster 796 começa a trabalhar compassadamente, emitindo um som bem característico da Ducati, mas bem mais silencioso.

 

Ao sair você nota o quanto é fácil pilotar essa Ducati, sente a maciez da embreagem, um câmbio que não chega a ser duro, mas bem longe das japonesas, que vez ou outra entra em falso neutro, na unidade avaliada, especialmente entre 3ª e 4ª marchas e 5ª e 6ª marchas, sempre no subindo marcha e nunca reduzindo. Outra característica que você nota são os ruídos mecânicos e da embreagem, apesar de úmida com APTC com controle mecânico, vulgo antideslizante ou que não permite o travamento da roda traseira em bruscas reduções, que o leva ao passado ou o lembra que está em uma genuína Ducati.

 

Pilotar a Scrambler é puro prazer, foram pouco mais de 590 km em 5 dias, dos quais pouco mais de 200km no dia da devolução, na cidade passa fácil pelos corredores, seu guidão passa por cima da grande maioria dos veículos, com exceção dos trambolhos SUV´s ou quando a faixa de rolamento, equivocadamente não é de 3,50 metros de largura (padrão mundial), mais aí, o problema não é largura do guidão, mas da incompetência do governo local, que estreita a faixa de rolamento insanamente.

 

Quem tem Ducati sabe que o comando desmodrômico é excelente para subir rápido de rotação, mas em velocidade baixas costuma ser um terror, parece que fica “engazopando”, ela pedindo para acelerar.

 

Já na Scrambler, seu motor veio da Monster 796, a engenharia de Borgo Panigale trabalhou tirando potência em alta, já que não é um modelo para atingir altas velocidades, aumentando uma curva de uso ou giro mais ampla com muito mais força desde baixa até média rotações. Com isso, o cambiar diminuiu bastante, a marcha perfeita para trafegar em trecho urbano entre 30 e 50Km/h é a 3ª marcha variando a rotação entre 2500 a 4000RPM, sem vibrações excessivas, aliás, diria um pulsar bem desmodrômico.

 

Na estrada ou rodovia, a rotação ideal fica entre 5000 RPM  em 6ª marcha a 120 Km/h até 140/150Km/h a 6000/6500RPM. Acima disso incomoda, aí o pulsar desmodrômico se torna vibração incomoda e o vento quase arranca sua cabeça. E cheguei nessas velocidades para poder relatar, porque consegui excelentes medidas de consumo fazendo o uso que qualquer cidadão comum, sensato e ajuizado fará. Sinceramente: não precisa! Essa moto é para desfilar.

Abastecendo, zerando o odômetro, saindo da Zona Sul, via Rodoanel, Raposo Tavares, Rota do Vinho em São Roque, voltando, fazendo um pequeno trecho urbano, consegui emplacar uma média de 22,83km/l, ou seja, percorri 182,6km e só coube 7,995 litros de gasolina no tanque.  Essa foi a melhor média, a pior ficou em 16,5Km/l e de média mesmo 19,5/20km/l, portanto: é muito econômica para o motorzão que tem.

 

 

O motor não nega sua vocação esportiva, se quer pilotar esportivamente ele não nega fogo e aliado a ciclística...meu Deus do céu que baita moto!!! Não consegui raspar pedaleiras e no lado direito fiquei com medo de raspar o escapamento...você deita, deita, deita e a voz da consciência lhe puxa a orelha. Como faz curva!!!! De baixa, média e alta velocidade... é como se a Scrambler estivesse nos trilhos.

 

Achei o acerto de suspensão no ponto, nem muito duro e nem tão mole, sendo possível atacar curvas no mais puro estilo Motogp, como enfrentar estrada de terra ou cascalho sem sofrimento. Também andei com garupa que elogiou o conforto e posição das pedaleiras e se fosse mais fácil, com o peso da garupa, teria ajustado a suspensão traseira para deixar mais duro, mas não comprometeu o trajeto e nem deu final de curso em lombadas e asfalto primoroso de São Paulo.

 

Para parar, um freio dianteiro com disco simples de 330mm, calibre monobloco radial de 4 pistões e freio traseiro a disco simples de 245mm, calibre flutuante com 1 pistão ambos com ABS de série. Dá conta do recado com sobra! Nota: o ABS está na medida, não é intrusivo, não atrapalha os experientes e chatos que não gostam de usar ou gostam de falar que não gosta. Vale desligar só no trecho de terra. 

 

O painel apesar de simples é bonito e mostra as informações essenciais como hora, velocidade, rotação, temperatura do motor ou ambiente e é possível desabilitar o ABS. Para mexer em outros itens, melhor estar com o manual do usuário junto. Não tem mostrador de combustível, todavia, quando entra no reserva, uma luz de advertência acende. Achei que acende cedo demais, ainda com 4,5/5 litros de combustível pouco menos de meio tanque, que cabe 13,5 litros. A leitura da rotação não é das melhores, mas nenhuma moto, inclusive de outras marcas, com RPM digital, com exceção da Monster821 é possível uma leitura dinâmica.

 

Se fosse possível tirar foto do rosto durante a pilotagem, o sorriso estaria de orelha a orelha.

 

Lembra que comecei falando de LifeStyle, Vintage...pois bem, na cidade ou na rodovia você é visto de forma diferente, tão diferente a ponto de um Senhor bem Vôzinho com bengala, atravessando na faixa de pedestre olhar para você, como se a moto o remetesse a alguma lembrança, e abrir um sorriso, a ponto de uma bela mulher na faixa dos 40 anos em seu MiniCooper em frente ao Estádio do Morumbi, baixar o vidro, abrir um sorriso e soltar um: “que lindos”. Caramba!!! Fez bem para o ego! Sem dúvida que foi a moto! Sou realista!

 

De Scrambler você não é mais um motociclista ou motoqueiro...você é um Ducatisti Vintage LifeStyle...afff...me empolguei.

 

O que posso lhe afirmar é o seguinte: mecânica simples, que se traduz em  baixa manutenção, sem a parafernália da eletrônica como controle de tração ou módulos de pilotagem, robusta, anda bem no asfalto seco, molhado, na terra graças também aos fantásticos pneus Pirelli Dual Sport – MT60 RS, feitos especialmente para Ducati Scrambler.

 

Preço??? Esqueça! Tudo está caro no Brasil, o dólar alto acabou com qualquer planejamento, e não tem o menor cabimento você comparar com outros estilos de motocicleta. Se pegar o valor da Scrambler na Europa e converter para o Real, verá que não está tão fora assim. Se você quer ir e vir no dia a dia, curte muito motocicleta, quer qualidade de vida já que não vai ficar horas no trânsito, ser visto de forma diferente ou ao menos não igual todos aqueles que hoje usam capacete seja com qual moto for e fazer pequenas viagens aos finais de semana sem preocupar com qual piso vai enfrentar com ou sem garupa...vale o preço!

 

E suas concorrentes diretas como Triumph Bonneville T100 e Harley Davidson Iron ou 883...precisam se mexer: A Ducati oferece menos peso (170kg a seco/186kg em ordem de marcha), mais ciclística, mais ergonomia e conforto, enxergo mais tecnologia, mais prazer na pilotagem em qualquer tocada, esportiva ou “tiozão”. E é tão grife quanto!

 

Portanto, vou te falar o que disse a um amigo que queria uma moto com preço bem salgado para a época: você trabalha, paga impostos, esqueça do fator preço e realize seu sonho!

 

 

Outra sugestão: capacete que combina com essa moto é o Shark Raw para o dia a dia no trecho urbano, esse que uso na foto. Para saber mais, acesse aqui.

 

 

Ficha Técnica

 

Motor: A gasolina, 803 cc, dois cilindros em “L” inclinados a 90° e duas válvulas desmodrômicas por cilindro. Refrigeração a ar e  alimentação por injeção eletrônica.  

 

Chassi:  Treliça tubular em aço

 

Balança:  Duplo braço em alumínio

 

Caster/Trail: 24º/112mm

 

Câmbio: Manual de seis marchas com transmissão por corrente.

 

Potência máxima: 75 cv a 8.250 rpm.

 

Torque máximo: 6,9 kgfm a 5.750 giros.

 

Diâmetro e curso: 88 mm x 66 mm. Taxa de compressão: 11,1:1.

 

Suspensão: Dianteira com garfo telescópico invertido da Kayaba de 150 mm de curso e traseira monoamortecedor da Kayaba com carga pré-ajustável e 150 mm de curso.

 

Pneu dianteiro: 110/80 R18

Pneu traseiro:  180/55 R17  

Marca/Modelo: Pirelli MT 60RS

 

Freios: Disco de 330 mm na dianteira, calibre do monobloco radial de 4 pistões  e na traseira disco de 245 mm, calibre flutuante, 1 pistão, ambos com ABS de série.

 

Comprimento: 2100mm;

 

Largura: 845mm;

 

Entre-eixos: 1445mm;

 

Altura do assento: 790mm;

 

Peso seco: 170 kg

 

Peso em Ordem de marcha: 186Kg.

 

Tanque de combustível: 13,5 litros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aqui rendo homenagens a grande família DCSP – Ducati Clube São Paulo, o DOC – Desmo Owners Club com pessoas incríveis e apaixonadas por essa marca que com suas fantásticas máquinas transpiram paixão.

 

Mais fotos: https://goo.gl/photos/7JHEkLeYsQVRacS59

 

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