Cultura - Teatro

Ester Laccava, Michelle Boesche e Eucir de Souza

10 de Fevereiro de 2016

 

em

 

SAGRADA FAMÍLIA

 

Texto e direção de Gabriela Mellão

 

Estreia dia 19 de Fevereiro na SP Escola de Teatro

 

Fúria da natureza devasta instituição familiar em cena. A ordem familiar do homem contemporâneo é demolida por ventania e tempestade em novo no espetáculo de Gabriela Mellão

A instituição familiar é protagonista de Sagrada Família. O espetáculo escrito e dirigido por Gabriela Mellão, sintetiza de forma poética as relações sanguíneas do homem contemporâneo. A obra problematiza a questão usando a força da natureza como metáfora articuladora.

 

No palco, um clã é devastado por intempéries. Uma torrente de chuva lava a aridez reinante das relações existentes entre um homem, sua mulher e sua filha, interpretados por Eucir de Souza (Prêmio de melhor ator no Festival de Brasília de 2007), Ester Laccava (quatro vezes indicada ao Prêmio Shell) e Michelle Boesche (indicada ao Prêmio Shell em 2014). A chuva seca. A força do hábito se impõe novamente, reestabelecendo a aspereza familiar.

 

 

É necessária a violência do vento para mudar a ordem convencionada. Uma ventania irrompe dando conta, enfim, de reconfigurar a família. “Os pais, representação da herança familiar, se vão, arrastados pela forte corrente de ar. A filha, evocação dos novos tempos, permanece, podendo enfim andar com as próprias pernas”, afirma Gabriela Mellão. Na solidão da cena, capaz de assumir sua individualidade integralmente e com ela desbravar seu próprio caminho, a jovem cresce, amadurece.  “A maturidade da Filha é representada por um voo simbólico, que parece tocar o sagrado. Ajoelhada durante todo o espetáculo, a personagem por fim se levanta, se desenvolve, se eleva”, complementa a autora e diretora.

 

A encenação se propõe a fazer um retrato poético de um campo de concentração familiar. Evoca um mundo pós apocalíptico ao cobrir o palco por escombros e servir-se de um fio de arame farpado como ornamento cênico. Como uma grade que impõe a estagnação, o fio surge diante da família. Transforma o palco num território de confinamento e tortura, sugerindo um universo de destruição indefinido que é também atemporal.

 

Sagrada Família investiga as relações familiares através de formas dramatúrgicas próprias do teatro da contemporaneidade. O texto é poético e fragmentado, aberto a interpretações e leituras pessoais de cada espectador. Os personagens travam diálogos ao mesmo tempo internos e externos. São múltiplos e solitários, revezando-se entre primeira e terceira pessoa, ação e narração.

Texto e imagem se complementam em cena, convidando a plateia a uma viagem que ultrapassa o domínio da razão, é também sensorial. Justapostos, desafiam o público a elaborar diferentes camadas de leituras para cada ação. A partitura física dos atores, elaborada com apoio do coreógrafo Reinaldo Soares, não sublinha o texto, mas complementa-o, muitas vezes contradizendo-o.

Cenas de diferentes intensidades são justapostas. Imprimem ritmos diversos ao espetáculo, ao mesmo tempo em que traduzem o universo externo e interno dos personagens.

 

SAGRADA FAMÍLIA

Teatro SP Escola (sala R1 – 80 lugares)

Praça Roosevelt, 210 / 1º

Informações: 3775-8600

Bilheteria: de sábado a segunda, uma hora antes do início do espetáculo. Acesso para deficientes. Ar condicionado. Convênio com o Estacionamento Reis Park: Rua da Consolação, 279. R$ 9 o período das 18h às 23h. Retirada do selo na recepção da SP Escola de Teatro.

 

Sábado e Segunda às 21h | Domingo às 19h

 

Ingressos R$ 10

 

Duração: 60 minutos

Classificação: 14 anos

 

Estreia dia 19 de fevereiro

Temporada: até 28 de março

 

Ficha Técnica:

 

Texto e direção: Gabriela Mellão

Atuação: Ester Laccava, Eucir de Souza e Michelle Boesche

Trilha sonora: Raul Teixeira

Desenho de luz: Robson Bessa e Vinícius Passos

Criação de Figurino: Thais Nemirovsky

Cenário: Gabriela Mellão

Coreografia: Reinaldo Soares

Fotos: Julieta Bacchin

Cenotécnico: Mateus Fiorentino

Produção: Berenice Haddad

 

Sobre a equipe:

 

GABRIELA MELLAO

É autora, diretora e jornalista teatral. Pós-graduada em Jornalismo Cultural na PUC. Estudou Cultura e Civilização Francesa na Sorbonne, em Paris, e Dramaturgia e História do Teatro Moderno em Harvard, Boston.

Escreve para Folha de São Paulo e Revista Vogue. Compõe o juri do prêmio APCA de teatro. Tem seis peças encenadas,  Nijinsky – Minha Loucura é o Amor da Humanidade (2014), selecionada para representar o Brasil no Festival de Avignon em 2015, Silvia Plath – Ilhada em Mim (2014) indicada ao prêmio Shell de melhor direção; Espasmo (2013), Correnteza (2012), Parasita (2009) eA História Dela (2008), além de um livro publicado com suas obras teatrais: Gabriela Mellão – Coleção Primeiras Obras.  Lecionou Laboratório de Crítica Teatral para o curso de Jornalismo Cultural na pós graduação da FAAP entre 2009 e 2012.  Foi crítica da Revista Bravo entre 2009 e 2011, ano de fechamento da mesma.

Foi curadora da 10a. edição do FIT – Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, que, em 2010 posicionou-se como o principal evento internacional do gênero do país na busca de caminhos ao teatro contemporâneo.

Em 2009, foi crítica do XVI do festival FENTEPP (Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente), organizado pelo SESC São Paulo em parceria com a prefeitura de Presidente Prudente.

 

ESTER LACCAVA

Indicada pela 4ª vez ao prêmio Shell de Melhor Atriz.
É diretora da produtora Lacava Produções Artísticas desde 2000. Iniciou seus estudos de teatro e formou-se na Escola de Teatro Macunaíma em 1983. De 1987 a 1988 enriqueceu seu currículo com duas temporadas fora do Brasil, em Chicago como atriz em No Exit, de Jean Paul Sartre, direção de Katerine Anstiti, e em Paris como assistente de direção na Lactorat du Cinema Jean Paul Violin.  Ao regressar em 1989 cursou a Escola de Arte Dramática da USP, a EAD. Formada em Ballet Clássico, moderno, contemporâneo, jazz em 1983.Participou do Grupo Visão de dança com direção de Adib Nagim,fazendo uma longa carreira em festivais e shows sendo chamada por Maria Pia Finóquio para protagonizar o infantil teatral “O lago do cisne” no TBC em 1987. Aperfeiçoou sua técnica de dança durante 2 anos com o ilustre professor Ismael Guiser.Em Paris participou de cursos de Flamenco e Clássico no conceituado centro de dança de “Marais”.Deu aula de jazz no Estado de Washington(USA) durante um semestre em 1984 na cidade de Yelm. Atuou no musical O MAMBEMBE, de Arthur de Azevedo, direção de Gianni Ratto; A DAMA da BERGAMOTA de Ibsen, direção de Lucinda, A FARSA da ESPOSA PERFEITA de Edy Lima, direção de Paulo Guarnieri, O BANHEIRO de Pedro Vicente, direção de Joana Albuquerque, Striper de Naum Alves de Sousa e direção do mesmo, A hora da estrela de Clarisse Lispector com direção de Naum alves de Souza. Com “GAROTAS DA QUADRA” de Rebecca Prichard, espetáculo viabilizado pelo VIII Cultura Inglesa Festival, adaptação e direção de Mário Bortolotto, recebeu duas indicações ao premio Shell 2004 de melhor atriz e melhor tradução.Como produtora e atriz em “A Festa de Abigaiu” foi vencedora do 11° Cultura Inglesa Festival, ganhando também o prêmio de melhor produção. Também foi indicada pela Revista VEJA SP como melhor peça de teatro em 2007. Como protagonista do espetáculo recebeu indicação ao Prêmio Shell 2008 na categoria de melhor atriz.Em 2010 produziu “Piscina sem Água”  de Mark Havenhill, e atuou como atriz,ganhando o prêmio de melhor espetáculo do 11*Cultura Festival. Na sua sexta produção, concebeu “A Árvore Seca”, de Alexandre sansão ,aventurando-se também na Trilha Sonora do espetáculo.Monólogo baseado na literatura de Cordel, rendeu-lhe a 4* indicação ao Prêmio Shell de melhor atriz de 2011. Em 2013, realizou 2 temporadas em Portugal(Porto) e Alemanha(Munique) com “A Árvore Seca”. Em 2014, atuou e produziu “Syngué Sabour – Pedra de Paciência”de Atiq Rahime.Completou 3 temporadas de grande sucesso em São Paulo .Em 2015,  de março à junho produziu e atuou em “ Quando eu era bonita” de Elzemann Neves.Em setembro de 2015,participou do Festival Internacional do Porto(Portugal)com Syngué Sabour-Pedra de Pasciência,e foi convidada também pelo festival para ministrar uma oficina de formação de atores.

 

EUCIR DE SOUZA

Ator, Formado pela Escola de Arte Dramática, ECA, USP, em 1995, antes disso havia atuado em teatro amador em Guaxupé, MG.

Atuei, nesses 16 anos como profissional, em mais de 40 peças no teatro, destacando-se A PROPOSITO DE SENHORITA JULIA, Adaptação da obra de August Strindberg, direção de Walter Lima Junior. A DOENCA DA MORTE, de Marguerite Duras, direção de Marcio Aurélio. ÉDIPO REI, de Sófocles, Adaptação e direção de Elias Andreato ; AMIGAS PERO NO MUCHO, de Célia Forte, direção de José Possi Neto; O INCRÍVEL MENINO NA FOTOGRAFIA, de Fernando Bonassi; TIMÃO DE ATENAS, de Shakespeare, direção de Élcio Nogueira Seixas; VOLTA AO LAR, de Harold Pinter, direção de Alexandre Heinecke; ARENA CONTA DANTON e UM BONDE CHAMADO DESEJO, ambas com direção de Cibele Forjaz. Sempre estabeleci parcerias sólidas no mundo do teatro, sendo colaborador de Fernando Bonassi, Cibele Forjaz, Márcio Aurélio, Mario Bortolloto, Wiliam Pereira, Renato Borghi, entre outros, sempre trabalhando em mais de um espetáculo com cada um desses. Dirigi as peças EDIFICIO SHANTUNG, em cartaz atualmente no Teatro Itália em São Paulo. ZUMBI SERTAO DE JACUI e HISTORIAS DOS ORIXAS, Ambas em Guaxupé, MG, entre outras. Meus principais trabalhos no cinema são os longas SALVE GERAL, de Sérgio Rezende, O MENINO DA PORTEIRA, de Jeremias Moreira; MEU MUNDO EM PERIGO, de José Eduardo Belmonte, onde faço o personagem Elias pelo qual ganhei o Prêmio de melhor ator no Festival de Brasília de 2007 e também o Prêmio Saruê, cedido pelo Correio Braziliense para o que eles consideraram o melhor momento de todo o festival. Os outros longas da minha carreira são SE NADA MAIS DER CERTO, de José Eduardo Belmonte; SOLUÇOS E SOLUÇÕES, de Eduardo Felistoque e Nereu Cerdeira, onde também sou o protagonista; QUER SABER, de Paulo de Tarso Disca, que esteve na mostra de cinema de São Paulo, em 2007; FIM DA LINHA, de Gustavo Steinberg e ATRAVÉS DA JANELA, de Tata Amaral. Também atuei em diversos curtas dos quais se destacam PALÍNDROMO, de Phillipe Barcinski e PELO OUVIDO de Joaquim Haickel. Ainda estão para estrear em 2013 os longas O GORILA, de José Eduardo Belmonte, NA QUEBRADA de Fernando Grostein e TODAS AS COISAS MAIS SIMPLES, de Daniel Ribeiro. Em tv trabalhei nas séries A TEIA, para a Rede Globo, direção de Rogério Gomes.(deve ir ao ar ainda em 2013). FDP, uma produção da Pródigo filmes para a HBO. FORÇA TAREFA, para a Rede Globo, de José Alvarenga Jr.; SOM E FÚRIA, Rede Globo, direção de Fernando Meireles; e JOÃO MIGUEL, TV Cultura, direção de André Garolli, na novela BANG BANG, onde fazia o promotor de justiça doutor Fox e nas séries CARANDIRU e ANTONIA, episódios dirigidos por Hector Babenco e Fabrizia Pinto, respectivamente, O REBU, direção de José Luiz Vilamarim, ALEMÃO, de José Eduardo Belmonte, além de outras participações em novelas, comerciais etc.

 

MICHELLE BOESCHE

Michelle Boesche é atriz formada em 2004 pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras –RJ), cursou bacharelado em Artes Cênicas na UNIRIO e formou-se em licenciatura em Artes Cênicas na Faculdade Paulista de Artes – SP.

Em 2014, interpretou a protagonista Paige na peça “Jantar”, que estreou e fez sua primeira temporada no CCBB de São Paulo (Centro Cultural Banco do Brasil) e segunda temporada no Teatro Mube, texto contemporâneo da inglesa Moira Buffini e direção do cineasta e diretor de teatro Mauro Baptista Vedia.

Em 2013 e 2014 interpretou a protagonista Clara Day e produziu a peça “Os Adultos estão na sala”, texto e direção de Michelle Ferreira, com A Má Companhia Provoca, cia a qual foi uma das fundadoras. Por essa peça, foi indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz em São Paulo. Em 2014, também atuou na peça Nijinsky – minha loucura é o amor da humanidade”, texto de Gabriela Mellão e direção da autora e de João Paulo Lorenzon, no Sesc Belenzinho. De 2006 à 2012, integrou o Grupo Macunaíma/CPT de Antunes Filho, sendo atriz e assistente de direção nos espetáculos: “Senhora dos Afogados”, “A falecida Vapt-Vupt”, “Foi Carmen” e “Policarpo Quaresma”.

Em 2004 e 2006, no Rio de Janeiro, foi atriz e assistente de direção da Ópera “A Flauta Mágica”, direção de Moacyr Góes no Theatro Municipal. Em 2005, também no Rio de Janeiro, interpretou o travesti Divina, protagonista da peça “As Faces de Jean Genet”, texto de Álvaro de Sá e direção de Ticiana Studart, peça a qual ganhou o Prêmio de Melhor Atriz do ano pelo Jornal “O Capital” de Aracajú-SE.

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