Colunistas - Rodolfo Bonventti

ETERNA MEMÓRIA: CHACRINHA

4 de Fevereiro de 2016

(20/01/1916 – 30/06/1988)

 

O eterno velho guerreiro da TV

 

Quando falamos de José Abelardo Barbosa de Medeiros e da sua importância na televisão brasileira, provavelmente muita gente não vai saber a quem estamos nos referindo, porque pra todo mundo ele era conhecido apenas como Chacrinha.

Abelardo Chacrinha Barbosa ou simplesmente Chacrinha foi um dos maiores comunicadores e animadores de auditório que já passou pelo rádio e pela televisão brasileiros. Ele foi um dos grandes responsáveis pela popularização da nossa televisão como um meio de comunicação de massa.

Ele nasceu na pequena Surubim, lá no Agreste pernambucano em 1916, mas aos 10 anos se mudou com a família para Campina Grande, na Paraíba, só que aos 17 anos voltou para Pernambuco e se instalou em Recife, a capital, para fazer a faculdade de Medicina.

Foi em Recife que o jovem José Abelardo conheceu uma emissora de rádio ao ser convidado para dar uma palestra sobre alcoolismo na Rádio Clube de Pernambuco, e lá percebeu que aquele mundo era muito mais interessante que o curso de Medicina.

Em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, Chacrinha chegou ao Rio de Janeiro disposto a fazer sucesso no rádio e começou como locutor na Rádio Tupi. Mas ele conheceria o sucesso três anos depois quando lançou na Rádio Fluminense o programa “Rei Momo na Chacrinha”, onde diretamente de uma chácara apresentava as melhores músicas de Carnaval.

O sucesso do programa o fez adotar o nome artístico de Chacrinha e a lançar em 1950, ainda no rádio, o “Cassino do Chacrinha”, no qual lançou cantores como Celly Campelo e o gaúcho Teixeirinha.

Já conhecido em todo o Brasil pelos seus programas musicais de rádio, Abelardo Chacrinha Barbosa chegou à televisão em 1956 para fazer parte do elenco de “Rancho Alegre”, por onde também passou Mazzaropi, na TV Tupi.

Após alguns meses no programa convenceu a direção da TV Tupi que faltava no ar um programa musical como o seu de rádio e surgia assim, no final de 1956, a “Discoteca do Chacrinha”.

Em muitas entrevistas nas décadas de 50 e 60, Chacrinha se definia como o “Palhaço do Povo”, aquele que tinha tido a coragem de inovar em termos de programas musicais ou de calouros na televisão brasileira, no que ele tinha toda razão.

Da TV Tupi, Chacrinha foi para a TV Rio e, em 1967, para a TV Globo, onde se tornou um ídolo nacional e chegou a apresentar dois programas diferentes e semanais no final da década de 60 e até meados da década de 70: a “Buzina do Chacrinha”, voltado para a revelação de calouros e sempre com um júri que dava muito o que falar e a “Discoteca do Chacrinha” que tinha nas suas chacretes, bailarinas extremamente sensuais, e nos vários cantores e conjuntos que estavam em evidência, suas grandes atrações.

Quando o padrão global de qualidade chegou na emissora, Boni, Walter Clark e Daniel Filho decretaram o fim do grande animador na TV Globo e ele voltou para a TV Tupi, se transferindo em 1978 para a TV Bandeirantes e, posteriormente, em 1982, retornando a TV Globo para apresentar o seu “Cassino do Chacrinha”.

Além do humor, da ousadia e da irreverência, Chacrinha se tornou um mito da nossa televisão também pelas frases de efeito que criava durante os programas ou as entrevistas que concedia a todo momento.

Ficaram célebres frase como: "Quem não se comunica se trumbica"; "Eu vim para confundir, não para explicar"; "Vocês querem bacalhau?" ou "Vai para o trono ou não vai?".

Sempre vestido de forma irreverente e muitas vezes de forma até bizarra, Chacrinha chegou a ser líder de audiência com seus programas durante a semana ou mesmo nas tardes de sábado ou de domingo, e além de muitas chacretes, lançou também o bordão que chamava a todo instante a Terezinha.

Em 1987, um ano antes de falecer de um infarto do miocárdio e de insuficiência respiratória, Chacrinha foi tema da Escola de Samba Império Serrano que levou para a avenida a homenagem “Com a Boca no Mundo, Quem Não se Comunica se Trumbica”.

Foto 1 -  Chacrinha começou no rádio mas conquistou o público foi na TV

Foto 1B - Artistas como Roberto Carlos eram comuns no programa do Velho Guerreiro

Foto 2A -  Chacrinha fez cinema e gravou marchinhas de Carnaval

Foto 2B - Seus programas de TV irradiavam alegria e bom humor

Foto 3 - O animador usava sempre roupas e adereços impactantes

Foto 4 - Além das roupas dele, suas chacretes eram outra atração do programa

Foto 5 - Chacrinha foi homenageado no sambódromo com sua vida como samba enredo
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