Colunistas - Rodolfo Bonventti

A TV Record investia em teledramaturgia e lançava duas produções de uma só vez

7 de Novembro de 2012


Em 1968, a TV Record era líder de audiência em programas musicais e em produções humorísticas. Mas faltava à emissora investir em teledramaturgia, um segmento em que Tupi e Excelsior nadavam de braçada.

A emissora resolveu investir firme nesse segmento e lançou de cara duas produções, a primeira em agosto de 1968 e a segunda em outubro do mesmo ano. Para a primeira história, a TV Record foi buscar na TV Tupi o autor Benedito Ruy Barbosa, um nome em ascensão no teatro com o sucesso de sua peça "Fogo Frio" e na teledramaturgia do canal 4 onde ele havia adaptado "Somos Todos Irmãos" e escrito "O Anjo e o Vagabundo".

Benedito Ruy Barbosa criou uma história de suspense sobre uma cega e surda-muda que era a única testemunha de um triste acontecimento, e mesclou essa história com outra de uma jovem professora do interior que enfrentava vários problemas ao chegar a uma cidade como São Paulo.

Nascia assim "A Última Testemunha", a primeira real investida da Record na teledramaturgia. As experiências até então tinham se resumido em seriados ou novelinhas cômicas. A novela estreou em 1º de agosto de 1968 e ficou no ar até 28 de fevereiro de 1969, no horário das 19h.

Com um grandioso elenco formado por Lolita Rodrigues, Fulvio Stefanini, Altair Lima, Suzana Vieira, Yvan Mesquita, Geórgia Gomide, Laura Cardoso, Márcia de Windsor, Percy Aires, Mauricio do Valle, Teresa Campos, David Netto e Elizabeth Gásper, entre outros, a novela também lançou novos rostos e talentos como Márcia Maria, Adriano Stuart, o menino Ayres Pinto e Reny de Oliveira, uma grande revelação como a surda-muda da história.

Apesar do grande elenco, do texto interessante de Benedito e da firme direção de Wálter Avancini (1935-2001), a novela não alcançou o sucesso que se esperava, talvez por bater de frente com "Antonio Maria" que a TV Tupi apresentava no mesmo horário, e frustrou as expectativas dos diretores da emissora.

Lançada um mês depois, a segunda novela da Record foi "Ana", um original do carioca Sylvan Paezzo (1938-1998) e com direção de Fernando Torres (1929-2008), ambos importados da Cidade Maravilhosa pela emissora paulista. O horário era o das 19h30, ou seja, logo após "A Última Testemunha" e a história era a de uma mulher abandonada pelo marido que para se vingar arruma emprego como arrumadeira na casa dos pais da nova paixão do ex-marido.



As duas novelas terminaram no mesmo dia, 28 de fevereiro de 1969, possibilitando assim que a emissora investisse em apenas uma produção a partir daí e com melhores resultados de público e um elenco ainda mais afiado.

No elenco de "Ana", personagem defendida por Maria Estela, estavam ainda Rolando Boldrin, Íris Bruzzi, Aracy Cardoso, Sérgio Mamberti, Haroldo Botta, Antonio Pitanga, Beatriz Segall, Célia Rodrigues, Jovelthy Archangelo, Miriam Mehler e Edi Cerri.

E na próxima semana: uma família que provocava um rio de gargalhadas.
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