Colunistas - Rodolfo Bonventti

A estreante Janete Clair trazia touradas e castanholas para o horário nobre global

8 de Agosto de 2012


As novelas de Gloria Magadan (1920-2001) marcaram a história do início da teledramaturgia na TV Globo, mas ela não estava sozinha nas adaptações de histórias totalmente "desligadas" da realidade brasileira.

Foi Janete Clair (1925-1983), a grande autora de clássicos da nossa teledramaturgia e de muitos sucessos de audiência, uma fiel seguidora do estilo Magadan, nas primeiras novelas que escreveu para a TV Globo. A estreia de Janete ocorreu em "Anastácia, a Mulher sem Destino", em 1967, mas ela pegou a novela já na metade.



Foi com "Sangue e Areia", que estreou em 18 de dezembro de 1967, às 20h, que Janete Clair se lançou como autora de uma novela do começo ao fim. Baseada no romance homônimo de Vicente Blasco Ibañez, a história ganhou várias versões no cinema e também serviu para lançar a dupla Tarcisio Meira e Gloria Menezes como atores do primeiro time da emissora.

Com 135 capítulos, era a história de um toureiro, Juan Gallardo, interpretado por Tarcisio Meira, que se dividia entre o amor de três mulheres (a rica Dona Sol de Gloria Menezes; a jovem e simples Pilar de Theresa Amayo e a filha do patrão e seu primeiro amor, a Dolores vivida por Myriam Pérsia) e o desejo de se tornar rico e famoso.

Dirigida inicialmente por Daniel Filho e posteriormente por Régis Cardoso (1934-2005), a novela trazia para os lares brasileiros personagens de um mundo distante, onde touradas e castanholas estavam presentes em quase todos os capítulos. Para dar credibilidade à história, a emissora carioca gravou as primeiras cenas externas de uma novela fora do Brasil. Foram cenas de touradas realizadas no México, que eram intercaladas com imagens de um toureiro em ação que tinha mais ou menos o mesmo tamanho e porte do ator Tarcisio Meira.



A TV Globo também construiu uma arquibancada de uma tourada no seu terraço, no Rio de Janeiro, e o público era formado por 25 pessoas que ficavam sentadas e apareciam como figurantes entre uma cena e outra dos duelos entre o personagem de Tarcísio e um suposto touro miúra.

Com um elenco ilustre a novela também marcou o último trabalho do ator Amilton Fernandes (1919-1968), consagrado como o Albertinho Limonta de "O Direito de Nascer", na TV Tupi, e que em "Sangue e Areia" vivia um vilão. O ator morreu em um acidente automobilístico alguns dias antes do término das gravações da novela.

Além de Tarcisio, Gloria, Theresa Amayo, Myriam Pérsia e Amilton, o elenco ainda tinha Cláudio Marzo, Paulo Gonçalves, Arlete Salles, Zilka Salaberry, Paulo Padilha, Ênio Santos, Sonia Ferreira, Neuza Amaral, Oswaldo Loureiro, José Lourenço e Ana Ariel.

E na próxima semana: surgia o precursor do Jornal Nacional.
Comentários
Assista ao vídeo