Colunistas - Rodolfo Bonventti

A musa de Jorge Amado conquista a tela global e o coração dos brasileiros

3 de Novembro de 2015

Em 1975, a TV Globo completava 10 anos de existência e de investimentos em teledramaturgia. Já líder de audiência em muitos dos horários, resolveu comemorar a data com uma super produção para o horário das 22 horas. Surgia assim “Gabriela”, uma adaptação de Wálter George Durst do romance “Gabriela, Cravo e Canela” do baiano Jorge Amado.

 

A excelente adaptação de Durst, a direção segura de Wálter Avancini e Gonzaga Blota, a recriação perfeita da cidade de Ilhéus dos anos 20 com cenários e figurinos da melhor qualidade e a escolha correta de um grande elenco que brilhou desde o primeiro capítulo fizeram com que a novela se transformasse em uma das melhores investidas da nossa teledramaturgia na literatura brasileira.

 

Gabriela era uma moça de natureza livre e impulsiva que vítima da seca no sertão baiano vem para Ilhéus, a terra do cacau, e se emprega como cozinheira na casa do turco Nacib e que com sua sensualidade até ingênua, mexe com as regras daquela sociedade e o comportamento de todos os homens da cidade que freqüentam o Bar Vesúvio do seu Nacib. Mas era também a história de uma cidade que vivia uma sociedade extremamente patriarcal e que enfrentava uma transição para o progresso e a rixa entre o antigo representado pelo Coronel Ramiro Bastos e o novo pelo jovem exportador Mundinho Falcão.

 

Um dos cenários mais característicos da novela foi o cabaré Bataclan, onde os homens da cidade se encontravam todas as noites para jogarem, dançarem e se divertirem com as mulheres. Era o mundo de Jorge Amado e da Bahia dos anos 20 transcrito para a telinha com grande perfeição.  

 

A idéia inicial de levar o romance de Amado para as telas da TV Globo foi do diretor Daniel Filho, responsável pela supervisão da novela, que conta em seu livro sobre televisão que ele tinha certeza do sucesso da trama pela sua riqueza de narrativas e de personagens.

 

A escolha da atriz que viveria Gabriela começou com um inusitado convite para a cantora Gal Costa, que foi a intérprete da música tema da novela, mas logo parou na figura de Sonia Braga, então uma atriz de bons papéis em outras novelas e casos especiais da emissora. E Sonia agarrou o papel com toda força e saiu consagrada da novela como uma das nossas principais estrelas da época.

 

Outra consagração veio para Armando Bógus em uma brilhante caracterização do turco Nacib e também para Elizabeth Savala, estreando na TV Globo como a rebelde e voluntariosa Malvina. Paulo Gracindo como o Coronel Ramiro Bastos; Fulvio Stefanini no impagável Tonico Bastos; Eloisa Mafalda como Maria Machadão; José Wilker vivendo Mundinho Falcão; Jayme Barcelos como o Dr. Ezequiel Prado e Dina Sfat em uma participação especial na pela da atrevida Zarolha também se destacaram entre o vasto elenco que compôs a novela.

 

Gabriela” também entrou para a história da teledramaturgia nacional por ter sido a primeira telenovela a ser vendida para Portugal e, posteriormente, para vários países europeus e sempre com muito sucesso de público e de crítica.

 

Aqui no Brasil, a produção ganhou o prêmio de melhor novela de 1975 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e se mantém até hoje como uma das maiores audiências da emissora no horário das 22 horas. 

 

Em um dos maiores elencos já reunidos para uma única produção, a novela ainda tinha em papéis de destaque atores como Marco Nanini, Nívea Maria, Gilberto Martinho, Maria Fernanda, Marcos Paulo, Ary Fontoura, Ana Maria Magalhães, Castro Gonzaga, João Paulo Adour, Rafael de Carvalho, Mário Gomes, Ângela Leal, Hemílcio Fróes, Pedro Paulo Rangel, Sonia Oiticica, Ana Ariel, Jorge Cherques, Paulo Gonçalves, Monah Delacy, Luiz Orioni, Sérgio de Oliveira, Cidinha Milan, Francisco Dantas, Natália do Valle, Roberto Bonfim, Cosme dos Santos, Thelma Reston, Margareth Boury e Paulo César Pereio.

 

 

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