Colunistas - Rodolfo Bonventti

Eterna Memória - José Mauro de Vasconcelos

20 de Julho de 2015

O carioca José Mauro de Vasconcelos passou por muitas dificuldades quando menino, muitas delas retratadas em seu livro mais conhecido, o best seller “O Meu Pé de Laranja Lima”, um fenômeno de vendas no final da década de 60 e início da década de 70. Essas dificuldades fizeram com que ele passasse a maior parte da sua infância sendo criado por tios em Natal, no Rio Grande do Norte.

José Mauro foi ator e treinador de boxe antes de ser escritor
 

Voltou para o Rio de Janeiro com 15 anos, disposto a se sustentar de qualquer forma e para isso fez um pouco de tudo, sendo garçom, treinador de boxe, operário, carregador de bananas, locutor de rádio e ator de cinema. Nessa última empreitada fez os filmes “Floradas na Serra”; “O Preço da Ilusão”; “Fronteiras do Inferno”; “Na Garganta Do Diabo”; “Mulheres e Milhões” e “A Ilha”.

O sonho de infância de José Mauro era ser um campeão de natação e ele chegou a participar de alguns campeonatos, mas logo percebeu que não teria muito futuro e nem como investir nesta carreira. Entrou na Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso antes de começar o segundo ano.

De temperamento forte e muito inconstante, José Mauro de Vasconcelos resolveu escrever profissionalmente após ter viajado o Brasil de norte a sul. Ele trabalhou junto com os irmãos Villas-Boas percorrendo os rios da região do Araguaia, em uma luta em defesa dos índios, por alguns anos.

O primeiro livro foi o romance “Banana Brava”, que contava um pouco do dia dos garimpeiros, ainda na década de 40, e o resultado foi muito pequeno, com a crítica especializada nem tomando conhecimento do livro.

Depois vieram “Barro Blanco”; “Longe da Terra”; “Vazante”; “Modelo 19”; “Arara Vermelha”; “Arraia de Fogo” e “Rosinha, Minha Canoa”, o primeiro sucesso literário, em 1962.

Os livros dele falavam de suas experiencias pessoais pelo Brasil
 

Com o sucesso desse livro ele deixou a carreira de ator de cinema que estava desenvolvendo, e passou a escrever não só romances, mas também roteiros de filmes.  Fez “Rua Descalça”  e em 1968 lançou “O Meu Pé de Laranja Lima”, um livro autobiográfico onde conta o choque que sofreu com algumas mudanças bruscas na sua vida e na vida da sua família.

José Mauro de Vasconcelos como ator no filme "Na Garganta do Diabo"
 

O sucesso do livro foi tão grande junto aos jovens e crianças, que, na mesma proporção em que a obra “estourava” em vendas, ele era cada vez mais marginalizado pela crítica especializada, que sequer citava o autor ou a obra em suas matérias sobre literatura nacional.

 Elenco da primeira versão de "O Meu Pé de Laranja Lima" na TV Tupi
 

As obras de José Mauro encantaram uma geração pela simplicidade e pelas aventuras que seus personagens viviam por esse Brasil afora. “O Meu Pé de Laranja Lima” teve três versões para a televisão (uma na Tupi e duas na Bandeirantes) e gerou um filme em 1970, enquanto “Rua Descalça” e “As Confissões de Frei Abóbora”, também se transformaram em filmes em 1971 e 1972 e “Arara Vermelha”, no final da década de 50.

Ele morreu de broncopneumonia aos 64 anos de idade em São Paulo e só foi reconhecido como um grande autor após o sucesso de “O Meu Pé de Laranja Lima” nas adaptações televisivas.

 

Sua obra mais conhecida foi adaptada como novela (3 vezes) e para
o cinema (duas vezes)
 
 O livro, lançado em 1968, se transformou em recordista de vendagem
 

 

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